A Síndrome de Rett tem causa genética e está associada a mutações no gene MECP2 (do inglês, methyl-CpG-binding protein 2), localizado no cromossomo X. O MECP2 é de extrema importância no controle de outros genes, e a proteína por ele codificada (chamada de MeCP2) atua como que “desligando” determinados genes durante fases específicas do desenvolvimento neuronal.
A base molecular da Síndrome de Rett consiste no fato de o gene MECP2 mutado codificar uma proteína defeituosa, incapaz de exercer adequadamente sua função biológica, o que faz com que os genes que deveriam estar silenciados (“desligados”) durante determinadas fases do desenvolvimento dos neurônios permaneçam ativos (“ligados”), resultando em prejuízos ao desenvolvimento do sistema nervoso central. Cerca de 99,5% dos casos de Síndrome de Rett são esporádicos, ou seja, sem antecedentes familiares.
A análise da origem parental (dos pais) nos casos esporádicos revelou que, na maioria deles, mutações de novo* ocorreram no alelo de origem paterna. Ou seja, muitos estudos forneceram evidências de que a grande maioria das mutações MECP2 se originam no esperma. Isso explicaria a predominância de Síndrome de Rett clássica em meninas. Como os pais dão um X às filhas e um cromossomo Y aos filhos, a mutação MECP2 em um espermatozóide só pode ser transmitida de pai para filha.
Por outro lado, nos raros casos familiais (somente 0,5%), o alelo mutado é proveniente da mãe, que não apresenta o quadro clínico de Síndrome de Rett. Esses casos poderiam ser explicados: (1) pela inativação favorável do cromossomo X da mãe que tem a mutação; ou (2) pela ocorrência de mosaicismo gonadal, quando o alelo mutado é encontrado apenas nas células da linhagem germinativa materna.
Através da análise molecular do gene MECP2 da paciente e de sua mãe, é possível verificar se a mutação foi herdada da mãe. Embora os casos familiais de Síndrome de Rett sejam raros, é indicado avaliar a possibilidade de recorrência da doença na família, procurando aconselhamento genético.
*Estas mutações do tipo de novo, são mutações que surgem num indivíduo sem que nenhum dos seus progenitores apresente a mesma alteração.