Quando comecei a idealizar a temporada "O que me falta?" para o podcast do Papai Atípico, estava claro para mim como ela começaria: com um pai cuja deficiência da filha seria descoberta durante a gravidez. Digo isso, pois a maior de todas as dores a me atingir o peito foi a impotência perante o triste acaso do nascimento de Dora.
Por muito tempo, em minhas buscas por conforto, por desculpas, por motivos, meu desalentos recaíram sobre a negação das improbabilidades da vida. Não era uma síndrome da qual eu pouco tinha controle, tampouco uma enfermidade (como no caso da Thalita, esposa do Fernando) à qual estamos todos sujeitos.
Os problemas de minha filha começaram onde, para mim, a certeza já reinava absoluta: no parto. Ali, a imprevisibilidade tomou conta da situação e me arrastou para um universo de incertezas. Não havia tempo para sentar e deixar o vendaval passar. Eu precisava levantar, aguentar a tempestade e encontrar um jeito de seguir em frente. E posso confessar? Foi difícil a ponto de eu preferir sentar e, às vezes, até deitar.
A conversa com o Fernando foi, acima de tudo, esclarecedora. Ela não só respondeu minhas dúvidas, como também acendeu luzes para a trilha de minha paternidade. Saber da deficiência durante a gravidez faria o caminho da aceitação ser percorrido com mais facilidade? Só ouvindo para saber. Mas já adianto, o jeito sincero e querido do Fernando talvez mostre como essa pergunta é apenas um detalhe em uma paternidade atípica.
No mais, bem-vindos à temporada 1 do podcast do Papai Atípico. Espero que vocês aproveitem essa jornada tanto quanto eu.
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