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Diante das adversidades, SER ou ESTAR diferente é super NORMAL!

Diante das adversidades, SER ou ESTAR diferente é super NORMAL!
Viviane A. Pernomian Bettoni
mai. 8 - 4 min de leitura
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A forma como você enxerga as diferenças, influenciará na forma como as demais pessoas enxergarão.

Diante das adversidades, SER ou ESTAR diferente é super NORMAL!

“Mamãe, não quero ir para escola! Não consigo andar direito, e todos vão ficar me olhando por causa da minha tala!” Então eu disse: “Filho, seus amigos irão sim perguntar sobre o que aconteceu contigo, mas se você explicar o por quê está utilizando, irão entender e não mais ficarão lhe perguntando”.

Meu filho tem paralisia em decorrência do nascimento prematuro, e o lado lesionado é do equilíbrio; sua dificuldade é a motora, para andar e equilibrar-se de forma natural.
Devido a essa dificuldade, todos notam que há uma diferença no andar, no fazer atividades que exigem equilíbrio... mas desde que iniciou sua vida escolar aos 2 anos, nunca houve uma diferenciação por parte das demais crianças.
Às vezes alguns amiguinhos vinham até a mim e diziam:

“Tia, Enzo anda devagar!”

E a cada confiança que Enzo ganhava, buscava mais e mais.... até mesmo correr, e logo vinham os amiguinhos novamente dizendo:

“Tia, Enzo agora está tão rápido!”.

Era uma graça essas observações, todos reconheciam que Enzo fazia um pouco diferente deles mas não havia diferenciação ou distanciamento por ter aquela condição diferente.
Recentemente Enzo fez uma cirurgia de transposição de tendão para melhorar o alongamento das perninhas e precisou utilizar tala de imobilização. A frase inicial deste texto é do momento de retorno às aulas após cirurgia.
Ao entrar na escola, Enzo percebeu que todos o observavam... os adultos... professores e funcionários, questionavam se ele estava bem, como estava sendo o pós cirúrgico, se precisávamos de algo para ajudá-lo na escola, enfim... enquanto os amigos vinham correndo, gritando seu nome e lhe dando um abraço bem gostoso, apenas dizendo, “que bom que você veio!”.
Claro que após o abraço, o questionaram: “O que é isso Enzo? Por que está usando?” Nisso Enzo me olhava como se quisesse dizer “E agora mamãe?” Eu apenas lhe disse: “Responda filho, eles vão entender”. Ele rapidamente explicou e ninguém mais o perguntou, pegando em sua mão como um ato de querer ajudá-lo... um cuidado de amigo.
Todos os dias as crianças me perguntavam quando Enzo voltaria a correr, pular, brincar com as brincadeiras de pega-pega ... e minha resposta era sempre: “Logo, logo... vocês viram como ele já está melhor hoje?” Então eles sorriam e diziam que realmente estava cada dia melhor.
Durante alguns dias, meu filho não conseguia sair da sala sem auxilio, então fiquei na escola durante esse período, e pude ver como as crianças se preocupavam com ele... não queriam deixá-lo só na sala durante o intervalo, ofereciam lanchinhos, ajudavam a retirar a sujeira do lanche sobre a mesa, vinham conversar... era uma delícia de engajamento.
Aos poucos Enzo foi ganhando novamente autonomia, e buscando voltar a sua rotina com os amigos.
Criança não tem um pré-conceito formado, e isso é o que faz com que as diferenças sejam vistas por elas como totalmente normais.
Como seria bom se as crianças continuassem desta forma!!! Seriam adultos mais tranquilos, com menos julgamentos para com os outros, com menos pré-conceitos equivocados.
E o que devemos fazer então?

Devemos agir naturalmente....Podemos ajudar as pessoas sobre como olhar as diferenças... orientar mais sobre as situações que existem e despertar nelas o interesse de se colocarem no lugar do outro. Somente experimentando ou entendendo a situação é que seus atos serão diferentes para com as diferenças e a inclusão poderá acontecer naturalmente. Podemos começar pelas pessoas próximas... família, amigos....
A forma com que as pessoas olharão as diferenças será baseada na forma como você as enxerga..., na sua interpretação do que vê, portanto, busque aceitá-las para então fazer parte de sua rotina naturalmente. Não estou dizendo que ninguém vai notar as diferenças mas com seu exemplo, as pessoas vão aprendendo a conduzir melhor a situação.
Que possamos deixar um legado para uma nova geração: Mais amor e menos egoísmo... Mais cooperação e menos competitividade, Mais compreensão e menos impaciência... Mais espiritualidade e menos diferenciação...

Leia também o depoimento da Márcia sobre a inclusão na escola do Arthur.

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