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O trauma no nascimento - Leãozinho Leo Cap.4

O trauma no nascimento - Leãozinho Leo Cap.4
Carla Delponte
out. 19 - 8 min de leitura
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O texto abaixo faz parte da história de superação do meu filho Leonardo (Leãozinho Leo), a qual estou contando em etapas. O objetivo é que possamos ajudar pais e mães que estão passando por uma situação similar, a ganharem força e coragem. A vocês, o que posso dizer é algo que aprendi lendo um livro que ganhei de uma grande amiga e mãe de UTI, mãe que me ensinou o poder da fé:

"Saibamos que Deus tem estradas para você aonde os médicos não encontram mais caminhos". (Livro: O médico Jesus)

 

Ainda internada no hospital, aguardando o nascimento do Léo, eu estava com aproximadamente 24 semanas de gestação, e bem cansada daquela posição. À noite já começava a sentir uma certa sufocação pois como estava em posição de trendlemburg, a barriga pesava no sentido contrário, e o peso do bebê pressionava o pulmão, o que causava asma, herança que eu nem lembrava mais que existia há uns 5 anos. Diante disso, eu ficava imaginando como seria até o final da gestação, já que eu estava apenas com 5 meses.

No final de semana a noite, comecei a sentir uma dor característica, parecia uma leve infecção urinária. Meu marido chamou a médica naquela mesma noite e quem nos atendeu foi uma plantonista, que ainda não havíamos conhecido. Ao menos nunca a vimos pelo hospital. Contei sobre a dor, e ela solicitou um exame de urina. 

Ao receber o resultado, a médica  informou que não havia nada de anormal, e então ela disse que não haveria necessidade de medicar e também não solicitou exame de sangue. Nós não entendíamos nada e medicina, não solicitamos exames complementares e então acabei suportando a dor, achando que deveria ser algo normal da gravidez, já que eu estava sob cuidados de uma equipe médica, havia realizado o exame, e nada irregular havia sido diagnosticado por ela. Continuei com a rotina normal do hospital, injeções diárias de clexane, fisioterapias no leito pela manha e a tarde, ausculta uma vez por dia do coração do bebê, marido indo trabalhar durante o dia para dormir no hospital durante a noite enquanto minha mãe passava o dia ao meu lado.

 Com 25 semanas, comecei a sentir uma dor estranha, como se algo estivesse repuxando. Era uma sexta-feira de manhã, dia 6 de setembro de 2012, quando o médico entrou para rotina diária no quarto. Ele sugeriu que eu fizesse um exame de sangue, pois fazia algum tempo que não era solicitado.

As dores começavam a piorar, e depois descobri que aquilo era contração. 

Quando os resultados dos exames de sangue chegaram, veio o susto. Uma grave infecção. O médico disse que não localizaram exatamente se era ou não no ovário, mas o fato era que a infecção estava bem avançada e eu teria que ir emergencialmente para o centro cirúrgico pois o Leo poderia estar em sofrimento devido ao estágio da infecção. 

O pânico foi imediato, eu só pensava em como não haviam detectado esta infecção se há uma semana eu havia sinalizado que estava com dor. Por que não fizeram exames de sangue antes, quando reclamei de dores e com tamanha exposição no hospital? 

Minha mãe, que ajudou tanto a mim e a meu marido, por ironia do destino, viajou justamente naquele dia. Depois de todo o tempo me acompanhando junto com meu marido no hospital em São Paulo, teve que retornar a Curitiba para assinar alguns documentos. Justo naquele dia.

Como falaríamos toda essa situação para nossa família, já que o que estava ocorrendo era gravíssimo e poderia ser fatal para mim e para o Leo?

Já era noite quando fomos encaminhados ao centro cirúrgico, lembro que eu estava em uma maca, havia muita correria e em meio a tudo isso o Renato recebeu um papel aonde constava um termo muito pesado do Hospital, ao menos parecia naquele momento. Pedimos para para ficar sozinhos, eu deitada ainda sem poder levantar e meu marido Renato do meu lado, lendo junto comigo. Era um termo bem grave, sem orientação de nenhum profissional, nem dá pra acreditar, mas era isso, e só ali percebemos o quanto eu e nosso filho corríamos risco de vida. Olhei nos olhos dele, e o silencio se instalou...Mesmo assim não tínhamos opções e nem tempo para pensar ou decidir e eu precisava falar...

"Amor...lendo isso, a gente sabe que é grave...E eu preciso dizer algo que nunca conversamos sobre antes."

Ele me olhou e pediu para eu falar.

"Caso algo aconteça comigo, eu gostaria de ser cremada"

Ele agiu com serenidade, calma e perguntou se eu tinha certeza... Eu disse que sim...

Depois, lembro que ele me abraçou e disse que ele agora já sabia da minha vontade, mas que ia dar tudo certo e esquecermos daquilo.

Fui direcionada a uma sala, ao lado do centro cirúrgico. Fiquei lá com o Renato por volta de uma hora e meia. Os médicos disseram que seria melhor que fosse um parto normal, mas eu não sentia mais nada, nem o Léo se movimentava mais, nem contrações. Orei muito, chorei muito, não acreditava que meu filho ia nascer de 25 semanas e em meio a uma infecção. Tudo girava em minha volta, parecia um filme, um pesadelo, nada fazia sentido.

Não houve parto normal, e os médicos já não queriam mais esperar, era muito perigoso esperar mais tempo. Fui levada ao centro cirúrgico, anestesiada e por volta de 1:40hs da manhã do dia 7 de setembro de 2012, nasce meu leão Leonardo.

Não pude pegá-lo no colo, olhei de longe, passou direto por mim. Lembro dos olhos da pediatra que o recebeu das mãos da obstetra, e depois veio a tornar-se pediatra do meu filho. Ela passou por mim com ele no colo, e foi direto para outro local. O Léo estava roxo, inteiro, foi uma cena triste, desesperadora, não sei explicar o sentimento. O Renato me olhou sorrindo e com lágrimas nos olhos ao mesmo tempo e disse:

"Amor, ele é grande!"

O Leo nasceu com 750 gramas. Grande mesmo, para um prematuro de 25 semanas. Mas aonde estava meu filho? 

A partir deste momento, eu não lembro de muita coisa, apenas que fui encaminhada para UTI pois o risco da infecção generalizar era enorme. Devia ser por volta das 2:30hs da manhã e pedi para o Renato retornar o mais cedo possível, quando abrisse o horário de visitação, pois ali era proibido usar celular ou ter acompanhantes.

Era completamente solitário aquele ambiente, com barulhos de aparelhos por todas as partes. Eu estava com dores fortíssimas e não conseguia virar de lado, mexer minhas pernas e a asma insistia em dar o ar da graça.

Minha saturação ficava em torno de 93% e os enfermeiros falavam ser normal. Eu só lembro que adormeci querendo saber notícias do meu filho, mas infelizmente só soube que ele foi encaminhado para UTI Neonatal enquanto eu fui para a UTI Geral.

 

Já leu o capítulo anterior da história do Leãozinho Leo?

Caso queira se inteirar de toda história do Leãozinho Leo, entre no link abaixo:

https://mundoadaptado.com.br/blog/nem-tudo-e-intuicao

Ou acompanhe todos os textos da história do Leãozinho Leo aqui:

https://mundoadaptado.com.br/leo/t

 

 

 


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