Cada etapa de um tratamento é vencida com aplausos, lágrimas de emoção e muitos abraços, porque são combustíveis para eles e para nós também.
Você já fez carinho em seu filho (a) hoje? Já disse o quanto ele (a) é forte? O quanto o (a) ama e o quanto esse amor tem ajudado no tratamento dele (a)? Dar carinho, colo e atenção aos nossos filhos ajuda e muito em qualquer tratamento, independentemente da gravidade. Abraçar quem amamos libera substâncias como a oxitocina e endorfinas, também conhecidas como hormônios do bem-estar.
Recentemente estive no III Congresso Internacional de Educação Especial, realizado em Mogi das Cruzes (SP), e um dos palestrantes, o presidente da Asociación Mundial de Educación Especial (AMEE), Orlando Terré Camacho, fez uma fala emocionante sobre a importância do toque e do 'olho no olho'.
Vivemos em um momento em que todos estão em constante correria insana. Apressados para resolver coisas, comprar, viajar e realizar sonhos, mas esquecemos (sim, esquecemos mesmo!) de olhar nos olhos. Falar com carinho, agir com amor e parar por alguns minutos para abraçar quem amamos. E mais: abraçar quem amamos e olhar para quem amamos. Mostrar neste gesto tão acolhedor que está protegido, acolhido.
Parece fácil? Não, não é. Exatamente porque estamos sempre correndo contra o relógio e quando nos damos conta de que faltou aquele abraço, aquele toque, se passaram dias, semanas, meses e até anos e deixamos de fazer.
Na hora da palestra eu chorei. Chorei por me recordar do tratamento do meu filho. Lembrei de quando, a cada troca de gessos, eu e meu marido cantávamos. A tesoura ia retirando o gesso, enquanto a gente segurava suas mãozinhas e baixinho ele ouvia ‘Yellow Submarine’ (The Beatles). Era um remédio, o antídoto.
Nesta etapa do tratamento, eu também amamentava durante as trocas de gessos. O que ajudou e muito para que ele não sentisse tanto a dor e o incômodo. Era um calmante. Eu me sentia forte também em poder protegê-lo.
Acho que era exatamente essa sensação que o Camacho, durante a palestra, tentou transmitir. As pessoas precisam se abraçar, para se sentirem fortes suficientes para enfrentar qualquer dificuldade, deficiência ou limitação. As pessoas precisam se sentir acolhidas e protegidas para vencer um tratamento. É claro que esse tratamento não dispensa medicação e orientação médica, mas o toque em quem amamos faz diferença no resultado.
Nós comemoramos cada etapa que vencemos com o nosso filho. Quando soubemos do diagnóstico de PTC (Pé Torto Congênito) a maior preocupação era se ele ia andar, quando isso iria acontecer e se seria normal. Não tinha remédio para evitar tamanha dor, mas tínhamos o abraço.
O dia em que ele andou, e essa história merece um post especial, foi lindo, emocionante e nos fez refletir sobre o carinho, o amor e todos os sentimentos que envolvem nosso dia a dia como pais e cuidadores. Foram muitos abraços.
Cada etapa de um tratamento deve ser vencida com aplausos, lágrimas de emoção. E, por que não, muitos abraços? É o combustível para eles e para nós também.
Então, caros leitores, abracem mais! O mundo precisa de mais abraços.