E o adolescente com epilepsia? Há algum cuidado especial?
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A adolescência é uma fase em que uma série de hábitos pode aumentar o número e a intensidade das crises epilépticas, até mesmo em pacientes que vinham com controle das crises há bastante tempo.
A ingestão de bebidas alcoólicas pode desencadear crises epilépticas em indivíduos previamente saudáveis (não epilépticos) e pode descompensar a epilepsia em pacientes com crises controladas.
Outro problema que observamos muito frequentemente nos adolescentes epilépticos é a falta de adesão ao tratamento. Muitos
adolescentes fazem uso irregular dos medicamentos antiepilépticos e até
mesmo interrompem o tratamento sem orientação médica e sem o conhecimento dos familiares.
A interrupção abrupta, da forma errada e no momento errado são algumas das principais causas de crises convulsivas de longa duração e até mesmo de estado de mal epiléptico.
A privação de sono (dormir poucas horas durante a noite) pode agravar algumas síndromes epilépticas, particularmente a epilepsia mioclônica juvenil, que é una das síndromes epilépticas de origem genética mais frequentes nos adolescentes. E como sabemos, dormir pouco é um hábito comum para muitos adolescentes.
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O que é a cirurgia para epilepsia?
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Alguns pacientes com determinadas síndromes epilépticas graves, não podem ter suas crises controladas satisfatoriamente com a utilização das medicações disponíveis
no momento.
Alguns destes pacientes podem ser submetidos a procedimentos cirúrgicos visando reduzir a intensidade e a frequência das crises (denominadas cirurgias paliativas), ou mesmo, visando obter o controle completo das crises (cirurgias curativas).
Embora há mais de 50 anos se reconheça a possibilidade de remover cirurgicamente um foco epileptogênico, somente nas últimas duas décadas as técnicas cirúrgicas possibilitaram a realização destes procedimentos de forma segura e verdadeiramente efetiva.
Atualmente, estes procedimentos cirúrgicos são realizados tanto nas crianças como nos adultos.
Certamente, o fator que mais contribui para o sucesso de uma cirurgia de epilepsia é a seleção criteriosa do paciente.
Alguns exames pré-operatórios devem ser realizados rotineiramente, como o eletrencefalograma, a videomonitorização eletrencefalográfica (exame no qual tentamos gravar/filmar algumas crises epilépticas
do paciente para identificar de forma precisa o local onde tem INÍCIO a crise no cérebro) e a ressonância nuclear magnética do
encéfalo.
O paciente considerado “ideal” para indicação cirúrgica é aquele no qual há concordância entre a descrição clínica das crises epilépticas (geralmente realizada pelos familiares), os exames eletrofisiológicos e a ressonância magnética.
Nos últimos anos, os exames de neuroimagem têm ganhado cada vez mais importância na investigação pré-operatória em pacientes epilépticos.