Quando pensamos nas dificuldades do dia-a-dia vivenciadas pelas pessoas com deficiência, cujo Dia Nacional de Luta é lembrado em 21 de setembro, é natural apontar a falta de estrutura nos meios de transporte públicos ou em ambientes como bancos, mercados e estacionamentos. Mas, quando levamos a questão da acessibilidade para o campo do entretenimento, como garantir pleno aproveitamento de uma exposição, por exemplo, se os primeiros avisos são de não tocar nos objetos e nem atravessar a faixa no chão que limita a distância com obra de arte?
Para o educador de Projetos do MAR (Museu de Arte do Rio) – onde é realizado o módulo "Acessibilidade em Espaços Culturais" do programa Pulsar –, Thyago Correa, "a ideia é sempre construir espaços que sejam de todos e para todos. Não é a prática da adaptação desses espaços e, sim, começar correto desde as primeiras etapas da elaboração. Além disso, apresentar artistas, poetas, músicos, escritores - toda uma produção cultural pensada por pessoas com deficiência - é um ponto muito forte no MAR", afirma Thyago.
Voltado a profissionais de educação e de outras áreas, o Pulsar tem como objetivo discutir conceitos sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para PcDs, saúde e bem-estar. Agregar a experiência cultural e tratar de políticas públicas relacionadas a estes temas é um ganho enorme para os alunos do programa e para todos que se beneficiam desta integração.
Segundo Thyago, a disciplina promovida pelo programa Pulsar salienta a importância da colaboração, participação e engajamento da instituição, neste caso um museu, e de outros grupos que se dedicam a mesma temática.
No entanto, ainda são muitas as carências quando falamos de acessibilidade para cultura e entretenimento. Para melhorar essa realidade e estimular o movimento de pensar a acessibilidade nos espaços culturais, é preciso atrair e reunir grupos de pessoas com deficiência para cocriar as estruturas e as propostas. Além disso, é necessário garantir a circulação física e a fruição estética com experiências diretas, completas e até sensitivas com a obra artística.
Carina Alves, presidente do Instituto Superar, ressalta que a pluralidade não é fácil e precisa ser pensada de maneira responsável. "Existem políticas públicas importantes, temos avanços. O que não dá é para retroceder", conclui Carina.
Sobre o Pulsar
O PULSAR nasceu e foi realizado em 2016 e 2017 e promove o intercâmbio educacional Brasil-Alemanha e a parceria das cidades irmãs Rio de Janeiro e Colônia. 2018 foi um ano de planejamento e atualização do programa, o que resultou em uma nova proposta para o ano de 2019.
Em dois anos, o Pulsar qualificou aproximadamente 100 profissionais, e com o intuito de expandir a experiência, o programa foi apresentado e aprovado pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
Com duração de aproximadamente dois meses, o programa tem o objetivo de discutir conceitos sobre educação inclusiva, acessibilidade, paradesporto, inclusão, diversidade, legislação para PcDs, saúde e bem-estar. O projeto é voltado para profissionais das áreas de educação, educação física, educação do campo e afins, como psicologia, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem.
O programa só é possível devido à proposta colaborativa entre o Instituto Superar, com sua expertise na área da inclusão e na formação de professores no Brasil, a Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro, idealizadora do projeto, a Deutsche Sporthochschule Köln, instituição de renome na área da inclusão e na formação de professores na Alemanha, que irá chancelar o curso, e esse ano a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que ofereceu o espaço para execução da primeira turma, MAR, onde acontecem as aulas da segunda turma, e os patrocinadores do projeto: Equinor, Instituto Lojas Renner, Machado Meyer, Localiza e Thyssenkrupp.