O texto abaixo faz parte da história do meu filho Leonardo (Leãozinho Leo), a qual estou contando em etapas. O objetivo é que possamos ajudar pais e mães que estão passando por uma situação similar, ganharem força e coragem. A vocês, o que posso dizer é algo que aprendi lendo um livro que ganhei de uma grande amiga e mãe de UTI, mãe que me ensinou o poder da fé:
"Saibamos que Deus tem estradas para você aonde os médicos não encontram mais caminhos" . (Livro: O médico Jesus)
A partir deste texto, vou transcrever o meu diário. Até agora, tudo foram lembranças mas como eu também estava debilitada, não havia condições psicológicas de anotar o que acontecia, por isso comecei a escrever apenas no 18º dia de vida do Leo.
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Depois de participar mesmo que indiretamente da história do Rafinha, eu comecei a entender um pouco mais sobre a fé. Muitas pessoas estavam orando, pessoas de diferentes religiões! A começar já na entrada do hospital, quando eu chegava, o chefe da segurança me falava palavras com esperança e contava que levava o nome do Leo em oração todas as vezes que ia à sua igreja. Eram muitas pessoas com fé! Pessoas que eu nem mesmo conhecia, vinham me contar situações emocionantes que haviam presenciado, e que eu não podia perder a fé.
E o que estava acontecendo comigo? Eu não entendia o que era isso. Não fazia a menor ideia mas passei a acreditar que tudo ia dar certo, que meu filho estava naquela situação desesperadora, mas ele iria sobreviver.
Não sei explicar, mas a fé apareceu, veio com força e com uma certa loucura, mas já estava viva dentro de mim.
Pela manhã, ao chegar no hospital, conversei com o pediatra diarista. Ele me passou muitas informações positivas. A Hidrocefalia estava lá, juntamente com a plaquetopenia, mas meu filhote havia passado a noite estável e ainda iria começar a receber a dieta. 1ml de leite materno a cada 3 horas e começaria a engordar. Parece ser pouco não é? Mas desde o começo me falavam que dentro da UTI temos que enfrentar um dia de cada vez e qualquer vitória é motivo para comemoração!
Começamos a perceber que a cabecinha do Leo começava a ficar diferente. A hidrocefalia aliada ao posicionamento que ele mantinha, começava a mudar o formato. Era preciso haver mudança de decúbito de tempos em tempos mas mesmo assim, nossa preocupação aumentava pois o formato foi mudando.
No interior do cérebro existem espaços chamados de ventrículos, que são cavidades naturais que se comunicam entre si e são preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano (LCR) ou liquor, como também é conhecido. A hidrocefalia acontece quando a quantidade desse líquido aumenta dentro do crânio. Este aumento anormal do volume de liquor dilata os ventrículos e comprime o cérebro contra os ossos do crânio, provocando uma série de sintomas que necessitam de tratamento de emergência para prevenir danos mais sérios, e no caso do Leo, a Hidrocefalia juntamente com o aumento da caixa craniana. Além de tudo começava a aparecer escaras, machucadinhos devido ao posicionamento. Usávamos uma pomada chamada Cavilon , para ajudar as lesões que se formavam na cabeça, devido a falta de movimentação dele pelo estado de coma.
Neste mesmo dia e após o Leo ter recebido uma transfusão de sangue, recebi a visita do neurocirurgião do hospital, que foi até lá justamente para fazer uma punção do liquor da cabeça.
O procedimento foi feito ali mesmo na UTI, claro que me pediram para sair e aguardar na sala dos pais até que tudo estivesse concluído. A punção é feita com uma seringa e uma agulha, a qual é introduzida na região aonde se encontra o excesso de liquor, não posso descrever esse procedimento pois não possuo qualificação para isso, mas abaixo podem observar uma foto que mostra o excesso de liquor de uma criança com hidrocefalia.
O procedimento foi dentro das expectativas e o neurocirurgião conseguiu coletar uma boa parte de liquor, e enviou para análise. Percebi que a cabecinha do Leo já estava um pouco menos inchada.
Marcamos uma conversa com ele no outro dia, as 14hs pois conforme as expectativas, a cirurgia para inserção da válvula permanente para derivação do liquor poderia ser realizada em uma semana, pois apesar da gravidade, o Leo teve uma pequena melhora.
Meu marido chegou no início da noite e a maior emoção deste dia aconteceu quando estávamos nos preparando para ir para casa, já tarde da noite. Depois de muitos dias, o Leo abriu os olhinhos, foi simplesmente emocionante. Com o aspecto cansado, mas abriu espontaneamente, o que segundo a médica era um bom sinal pois abriu sem manipulação.
Mesmo após tantos procedimentos, esse dia foi cheio de esperanças!
Já leu o capítulo anterior da história do Leãozinho Leo?
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