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Vida que segue...

Vida que segue...
Nótlia Zirtaeb
jul. 6 - 6 min de leitura
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Olá, vocês não me conhecem...eu também não conheço vocês, mas isso não significa que somos estranhos, apenas não fomos apresentados ainda!
Me chamo Nótlia Zirtaeb, mais uma mãe atípica que caiu de paraquedas nesse mundo "não" adaptado que é a vida!
Nunca fui muito ligada a redes sociais, nunca senti vontade ou necessidade de compartilhar ou divulgar o que faço (vida pessoal), até porque, confesso não ser nenhum pouco interessante (risos)! E quem me conhece sabe que sou um tanto reservada!
Sou do interior do Paraná, de Palmas, nos mudamos para Curitiba em fevereiro de  2012 em virtude da transferência de meu esposo, deixando para trás família, amigos, trabalho, a minha referência de vida, porque como prometido em 2004, no dia do nosso casamento: "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando por todos os dias de nossas vidas" (e até agora ainda não quebramos a promessa - risos)!
Mas porque estou aqui escrevendo então?
Explico: fui apresentada a pouco tempo a este popular app, Instagram, e consequentemente as lives!
Confesso que se não houvesse a pandemia, provavelmente não estaria escrevendo esta mensagem, mas como diz o ditado, nada acontece por acaso!
Ouvindo a Carla e seus convidados, e participando de lives como a que fez com a Márcia mãe do Arthur, ouvindo vocês, e algumas outras mães, senti um mix de identificação e vergonha simultaneamente! Explico o porquê: é impossível uma mãe não se reconhecer na fala de outra, quando esta passou por todo o processo que parece mais um protocolo: o baque, não aceitação, UTI, fé, luto, colar os caquinhos, seguir em frente, ter recaídas, colar novamente os caquinhos dos caquinhos e mais uma vez seguir em frente!
Quanto a vergonha, trata-se de me sentir diminuta em meio a tanta demonstração pública de força, perseverança, resiliência... Meu perfil reservado, me deixou como se estivesse numa bolha, vivendo uma vida quase que paralela a realidade! Eu não entendia quando algumas mães nas salas de espera das inúmeras terapias de reabilitação que minha filha faz, se surpreendiam ao me ouvir dizer que nunca havia postado se quer uma foto de gestante (nesse momento meu bebê ainda era típico!), mas acredito que pelo fato de ter tido tantos abortos (foram 1 inseminação e 6 fertilizações em vitro durante 8 anos de tentativas), o medo de divulgar, receber parabéns e em seguida me retratar era tão presente que me fechei!
E tudo foi perfeito até um dia depois do seu nascimento...e de lá pra cá a imperfeição ganhou nova roupagem e tornou-se igualmente perfeita!
Vendo tantas mães trabalhando pela causa me fez sentir pequenininha, envergonhada... não sei se é possível me entender!
Então, pela 1° vez postei no Facebook, uma foto de minha filha!
E para minha surpresa mais de 200 pessoas se manifestaram! Sei que a grande maioria delas se quer sabem o quão complexa ela é...alguns acredito que nem sabiam que era minha filha (risos)!
Ouvi em uma das lives a justificativa da Carla dizendo que o projeto Mundo Adaptado só veio a tona quando se sentiu preparada, que não se imaginava falando com tanta serenidade em lives... me senti assim... Cecília está com 4 anos 5 meses, e hoje algo aconteceu, me sinto mais segura, acho que meu luto da filha idealizada está perdendo forças... e estou amadurecendo a idéia de finalmente contar essa história! Acredito que será apenas "mais do mesmo"...mas assim como a Carla, CEO do Mundo Adaptado, eu também não encontrei referências quando me deparei nessa situação, e ao contrário dela, desisti da procura e fui viver a minha vida!
Mas hoje, me deparando como que se fossem reflexos da minha história, vejo como é bom sentir que não estou sozinha, ou não são apenas o contato com algumas mães mais próximas que fiz amizade nas clínicas que já frequentei (que entendem bem a situação porque velejam no mesmo barco que eu) e da família, que mesmo distante está sempre presente, há um mundo bem maior e, eu quero contribuir e fazer parte dele!
Nossa! Desculpe pelo "jornal" mas é como se eu descobrisse um novo sentido, um propósito, ajudar os que virão, porque no futuro outros irão percorrer este caminho! E deixar uma trilha, um norte, um farol para a nova tripulação desse barco, é algo bom! Com a trilha aberta, basta cada um remover a sua pedra de acordo com sua realidade!
Obrigada...pela oportunidade, por ter aberto essa trilha para mim!
Vou amadurecer a ideia do blog no Instagram! E dizer às pessoas para  olharem os dois lados da maçã!
Esta é uma reflexão q trago comigo: na feira ninguém quer a maçã meio podre, e sim a perfeita! Mas o que elas não sabem, é que nessa outra metade desta maçã, a metade que está sadia, é tão doce, suculenta, cheirosa, que torna insignificante a parte podre! Digo isso porque eu desejava e idealizava a maçã perfeita, e quando me foi dada a maçã meio podre, eu hesitei (momento de negação, depressão, etc)...mas depois de um tempo, com a aceitação e principalmente a maturidade, percebo que não há nada de errado com ela, a "maçã é perfeita"!
Não sei nem se alguém irá ler...mas esse desabafo foi muito bom!
Agora é baixar a adrenalina e tentar dormir.
Outra frase que também trago comigo é: "tudo que acontece de ruim é para melhorar...basta ter força, foco, paciência, amor e fé!"

Att
Nótlia Zirtaeb


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