Dentre as doenças bucais mais comuns estão as carie, alterações gengivais e maloclusões. Em Pacientes com Necessidades Especiais (PNE) estas mesmas doenças podem aparecer em maior prevalência ou até em condições exacerbadas.
A mais prevalente e conhecida de todos, a carie, está associada a condições sociodemográficas e comportamentais como alimentação rica em carboidrato, consumo de sacarose e presença de biofilme por conta de uma higiene bucal inadequada ou até mesmo inexistente.
No caso de pacientes com necessidades especiais, manter a saúde oral pode ser um desafio já que eles têm outras características que dificultam essa manutenção. Normalmente, eles têm padrão de dieta alterado com consistência pastosa e rica em carboidrato e também utilizam medicamentos com açúcar em sua composição por períodos prolongados. Além disso, muitas vezes, realizar a higienização é difícil contribuindo ainda mais para os problemas orais.
As alterações de oclusão, ou má posição dentária, podem estar relacionadas a fatores genéticos, padrão respiratório, alterações de tônus e postura da musculatura facial, mastigação e outros hábitos. Já as alterações gengivais relacionam-se comumente a condições sistêmicas, medicamentos, e presença de biofilme devido higiene bucal deficiente.
A saúde bucal é de fundamental importância para o nosso organismo e tem ligação direta com nosso organismo, podendo causar danos em outros órgãos!
A boca é considerada a porta de entrada para microrganismos causadores de muitas doenças sistêmicas que podem afetar outros órgãos como coração, pulmão, rins. Por isso, cuidar da higiene da boca de pessoas com deficiência é fundamental.
A falta de conhecimento sobre a importância da saúde bucal, a dificuldade em encontrar profissionais especializados e os problemas de acessibilidade da cidade, fazem com que os pacientes e cuidadores recorram a um profissional de odontologia tardiamente. Nesses casos, muitas doenças bucais já estão presentes causando condição de dor e desconforto.
A melhor abordagem é intervenção precoce, de forma preventiva. O cirurgião dentista especialista reconhece as dificuldades relacionadas as diferentes condições clínicas e comportamentais e pode orientar e realizar abordagem individualizada, bem como tratamento ambulatorial e hospitalar.
A odontologia deve ser considerada parte integrante do processo de reabilitação porque a má condição bucal interfere na qualidade de vida e se manifesta negativamente nas terapias, na fala, sono, alimentação e comportamento ocasionando incoveniências na reabilitação dos pacientes.
Prof Dra. Marcela Ap Ferreira de Camargo
Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Odontopediatria
Mestre e Doutora em Ciências Odontológicas pela FOUSP