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Tenotomia no tratamento de Pé Torto Congênito (PTC)

Tenotomia no tratamento de Pé Torto Congênito (PTC)
Franciela Fernandes
jun. 24 - 4 min de leitura
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Depois de enfrentarmos a primeira fase do tratamento de Pé Torto Congênito (PTC), que inclui a manipulação de gessos para a correção do pé (no caso do meu filho, o esquerdo), chegou o dia da Tenotomia. E o que é isso? Um procedimento cirúrgico para alongar o tendão de Aquiles.

Eu jurava que era um corte feito no local, mas não é isso. Depois de ler sobre o assunto e buscar referências bibliográficas, entendi que o tendão não pode ser cortado. Na Tenotomia, a ponta do bisturi é colocada numa posição que permite o alongamento entre o tendão e o osso. É complicado de entender, não é mesmo?

Na prática, esse procedimento é rápido e foi necessária apenas uma anestesia local. Isso não quer dizer que tenha sido fácil ver nossa “bolinha de gente”, tão frágil e indefesa, mostrando sua força desde muito cedo. E foi essa força dele que nos motivou a seguir em frente, ir para a próxima etapa, enfrentar nossas limitações e provar para nós mesmos que vencemos mais uma fase.

Também achava que amamentar durante os procedimentos, inclusive na Tenotomia, era algo para acalmar meu filho, oferecer segurança a ele. Só depois fui entender que ajudava não só a amenizar a dor, mas, principalmente, fazia parte do tratamento pelo Método Ponseti. Saber disso foi acolhedor.

Após o procedimento, um novo gesso é confeccionado em posição específica, com ângulo adequado, mantendo o pé em dorsiflexão e a 70 graus de rotação externa. É complexo, eu sei. Mas, o mais importante é ver o resultado após 21 dias quando esse último gesso é removido e vemos o pé corrigido, perfeito. Por isso, é tão importante o tratamento precoce porque esse procedimento só pode ser feito quando o bebezinho tem até 3 meses. Os ossos, tecidos e cartilagens estão "molinhos", mais fáceis de corrigir. Depois dos 21 dias com o último gesso, o espaço entre as duas extremidades do tendão é preenchido. Ou seja, o próprio organismo se reconstrói.

Isso não significa que outros casos de pés tortos, aqueles de crianças acima de 3 meses, não sejam corrigidos. Conheci crianças que iniciaram o tratamento com dois, três anos de idade, e foi possível a correção. Nestes casos, é recomendado pelos médicos outros procedimentos como, por exemplo, a transferência de tendão.

Hoje, quem vê os pezinhos do meu filho não sabe dizer qual deles é torto. Nós que vivemos esse dia, com certeza, nunca iremos esquecer. Não saberia dizer se foi o mais difícil daqueles 50 dias indo e voltando do hospital. Mas, com certeza, o dia que nos deu mais medo e aperto no coração foi o da cirurgia.

Meu filho fez a Tenotomia com 40 dias de vida. Durou cerca de 30 minutos. Chorou tanto que dormiu mamando. Seus lábios mudaram de cor, talvez de dor, medo, apesar de estarmos lá, juntos, amenizando sua dor e segurando sua mão.

Me recordo de uma frase do médico: ‘Olha, um pé torto corrigido não chega a 100% de um pé normal, mas vamos alcançar 95%.’ E eu respondi: ‘Sou míope. Tenho 12 graus de miopia e com óculos chego a 90% de uma visão normal.’ Todos temos nossas limitações. O perfeito dali em diante para mim passou a ser subjetivo.

Qual foi a etapa seguinte? O início do uso da órtese, que contarei no próximo post.

 


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