Comportamentos relacionados ao stimming (estereotipias) ou movimentos repetitivos são uma marca registrada do autismo. Bater as mãos, girar em círculos, balançar o corpo, vocalizações como grunhidos e murmurar além de outros hábitos que podem incomodar pessoas que não estão familiarizadas com o nosso meio. Os cientistas e os médicos há muito tempo confundem o que esses comportamentos significam e como responder a eles. Por muitos anos, os especialistas pensavam que os movimentos repetitivos significava um excesso de privações ou mesmo traumas, e que eles impediriam o aprendizado dos Autistas.
O psicólogo Ole Ivar Lovaas, um dos primeiros especialistas em autismo, teria se referido a eles como "comportamento do lixo". fico até com repulsa só de imaginar. 1° Ele fez da supressão desses hábitos uma prioridade. Lovaas e seus apoiadores aplicavam choques eletricos, gritavam, sacudiam e davam tapas em crianças autistas. 2° Outros prescreveram antipsicóticos e outras drogas fortíssimas. Mesmo nos paradigmas atuais de tratamento, às vezes os profissionais e os terapeutas costumam treinar as crianças a ter menos movimentos 'mãos silenciosas', ao invés de deixá-los livres para se acalmarem e reorganizar. Porém, evidências crescentes sugerem que comportamentos repetitivos foram mal compreendidos e que eles podem de fato ser incrivelmente úteis. Um estudo recente aplicados pela universidade de YALE descobriu que os comportamentos dão às pessoas autistas uma sensação de controle, ajudando-as a lidar com atitudes externos que muitas vezes são reações cansativas, essa é uma maneira de acalmar e se comunicar com seu estado de humor.
Por outro lado, muitos autistas dizem que tem medo de externar seus comportamentos repetitivos, gerando um desgaste maior, fazendo com que se sintam inabilitados socialmente pela discriminação do meio típico/neurotípico. Os adultos autistas defendem seu direito a esses comportamentos. Recuperando o termo técnico 'comportamentos estimulantes' como 'stimming', já existem blogs explicativos, vídeos e livros que revelam como os stimming ajudam a lidar com os problemas no nosso meio Autístico, sabendo logicamente separar um estado agressivo de um modelo único para controle.
A sociedade precisa entender e aceitar esses comportamentos, compreendendo seus benefícios. Em um estudo publicado no início deste ano, pela universidade de Columbia onde foram entrevistamos mais de 300 adultos autistas sobre seus comportamentos de stimming. Uma das maiores descobertas é que, embora muitos participantes tenham dito que seus estímulos são automáticos e incontroláveis, nenhum deles os detestam. A maioria das pessoas descreveu os comportamentos como calmantes. Outra descoberta importante é que os estímulos são uma resposta à sobrecarga sensorial (como uma sala barulhenta) ou a pensamentos acelerados, como eu costumo chamar de taquipsiquismo ou até lentos Bradipsiquismo (como a ansiedade sendo controlada). Quando o stimming é ativado seu resultado antecede um estado que chamamos de "emoção incontida". As pessoas autistas podem ser enquadradas dentro de sensações, novas informações e seus próprios pensamentos.
Os participantes do estudo relataram que o sentimento de relaxamento com os estímulos sobre os sentimentos intensos, ajudaram a se recuperar além de criar uma sensação de controle maior. O stimming serve também como uma maneira de comunicação. Os participantes disseram que às vezes saem de alegria ou excitação e outras vezes de ansiedade ou tédio, onde os estímulos sinalizam o seu comportamento. Por exemplo, bater as mãos que reflete um estado emocional positivo geralmente envolve estender os braços e fazer um movimento de ondulação, enquanto no bater as mãos devido à angústia, as pessoas autistas tendem a manter as mãos e os braços próximos ao resto do corpo.
Tendo observado essas características, podemos concluir que pouco se sabe sobre o quão funcional a utilização dos estímulos podem ajudar e apoiar os autistas, sabemos também que existe uma grande confusão sobre o estado agressivo de auto mutilação e agressão comparada com uma desordem que foge de seu controle, hoje por experiência própria aprendi a utilizar esses estímulos dentro da transferência com objetos que me auxiliam a minimizar o excesso de tensão muscular, além da minha extrema ansiedade. Confio que a utilização adequada dos stimming (estímulos) pode sim apoiar os Autistas, além de um acompanhamento profissional adequado para avaliar pontos positivos e negativos que antecedem uma retirada total desse sistema próprio do nosso neurodesenvolvimento.
Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.
Reference: Kapp, Steven K .; Administrador, Robyn; Laura Crane; Elliott, Daisy; Elphick, Chris; Pellicano, Elizabeth; Russell, Ginny (2019). " ' As pessoas devem ter permissão para fazer o que quiserem': pontos de vista de adultos autistas e experiências de stimming" (PDF) . Autismo . 23: 1782-1792. doi : 10.1177 / 1362361319829628 . PMC 6728747 . PMID 30818970 Fadhil, Tamara (2018). "Sistema de monitoramento ao vivo para reconhecer emoções variadas de crianças autistas". 2018 Conferência Internacional de Ciência e Engenharia Avançada (ICOASE) . pp. 151–155. doi : 10.1109 / ICOASE.2018.8548931 . ISBN 978-1-5386-6696-8.