Para curar a dor da alma todas as receitas são válidas!
O pai da psicanálise Sigmund Freud era judeu, mas ateu.
Freud dizia ter inventado a psicanálise como ciência. Tanto que no início a Psicanálise foi chamada, por grande parte da sociedade, de “Ciência Judaica”.
Carl Jung protestante: “Qualquer que seja a natureza da religião, não resta a menor dúvida de que seu aspecto psíquico, empiricamente constatável, reside nessas manifestações do inconsciente”
E Jacques Lacan era católico: “Se a religião triunfar, será sinal de que a psicanálise fracassou.”
Talvez Jung aceitou a religião afirmava que a necessidade para a evolução espiritual da humanidade
Usava termos religiosos para designar a primeira das quatro etapas de seu processo analítico: confissão, elucidação, educação e transformação.
Não preciso ‘acreditar’ em Deus; eu sei que ele existe.
A prática terapêutica depende do contexto étnico do sujeito que sofre, os seus arquétipos
A diferença entre Carl Gustav Jung e Sigmund Freud é exatamente a mesma que divide os religiosos dos tempos atuais a respeito da modernidade. Os que aceitam um #Deus” e os que não
Pelo fato de existirem forças invisíveis, a única maneira de responder a elas é também exercer uma força que influencie e seduza o sujeito a fim de que ele se cure. Ser eficaz é assumir essa relação de forças, com a transferência individual e com a imagem pública do curador
O terapeuta ocupa um lugar de mestre forte e poderoso para o paciente que foi vítima de forças malignas
Na verdade, é trazer o inconsciente para a consciência
A psicanálise em si não recusa a religião. Toda crença religiosa é em si uma ilusão
Ludwig Andreas Feuerbach foi um filósofo alemão reconhecido pelo ateísmo humanista antropológico e pela influência que o seu pensamento exerce sobre Karl Marx e Sigmund Freud: “Em toda parte a religião precede a filosofia, tanto na história da humanidade quanto na história do indivíduo”
Sentimento de dependência ou finitude são então o mesmo sentimento
Mas, o sentimento de finitude mais delicado, mais doloroso para o homem é o sentimento ou a consciência de que ele um dia acaba, de que ele morre. Se o homem não morresse, se vivesse eternamente, não existiria religião, somente o túmulo do homem é o berço dos deuses
“A religião não é uma ligação do homem ao transcendente, mas uma
ligação do homem com aquilo que ele deseja alcançar”
Estudar os deuses, seja qual for, inclusive o Deus cristão, é o
mesmo que estudar o homem
Acreditar em um Ser que o recorrerá nas horas mais difíceis, em vez de
materializar e suportar sozinho sua própria miséria.
“É melhor sofrer do que agir, é mais agradável ser libertado e redimido por
um outro do que libertar-se a si mesmo, é mais agradável fazer depender a
própria salvação de uma outra pessoa do que da força da própria atividade
[...] é muito mais cômodo refletir-se nos olhos fulgurantes de amor de um
outro ser pessoal do que no espelho oco do próprio eu ou do que contemplar
a fria profundidade do oceano tranquilo da natureza’(FEUERBACH,
2009b, p. 154).
Negar a vida por causa de outra vida que nem sequer tem certeza de sua existência, ou pelo menos não se prova empiricamente, parece desproporcional. O niilismo (a troca do real pelo
ideal) manifesta-se como a maior dentre todas as patologias, pois este possibilita a criação
seres desprezíveis, covardes e fracos.
Feuerbach admite que seja próprio da essência humana ter religião, pois é o primeiro
contato que o homem tem consigo mesmo.
Dessa maneira, o que propomos não é uma destruição da religião, mas a promoção da consciência, que possibilitará uma vida voltada para a vida, para as próprias relações sociais, que culminará no reconhecimento de si e do outro
O conhecimento é uma forma de união do Eu com o não-Eu. Como toda união, ela é prejudicada pelo domínio, e, portanto, por qualquer tentativa de forçar o universo a estar em conformidade com o que descobrimos em nós mesmos.A verdadeira contemplação filosófica, ao contrário, encontra a sua satisfação na própria ampliação do não-Eu, em tudo o que engrandece os objetos contemplados e, desse modo, o sujeito que contempla.
Na contemplação, tudo aquilo que é pessoal e privado, tudo o que depende do hábito, do interesse pessoal, ou do desejo, deforma o objeto e, por isso, prejudica a união que a inteligência busca. Levantando uma barreira entre o sujeito e o objeto, as coisas pessoais e privadas tornam- se uma prisão para o intelecto. O intelecto livre deverá enxergar assim como Deus pode ver“A mente que se habituou à liberdade e imparcialidade da contemplação filosófica preservará alguma coisa dessa mesma liberdade e imparcialidade no mundo da ação e emoção. Encarará seus objetivos e desejos como partes do Todo” (Bertrand Russel)
A psicanálise em si não é religiosa nem antirreligiosa, mas um instrumento apartidário do qual tanto o religioso como o laico poderão servir-se, desde que aconteça tão somente a serviço da libertação dos sofredores
Freud incentiva e defende que a ciência e a religião podem dialogar de maneira mais complexa e menos conflitiva
Ele chega considerar que a vivência religiosa se feita sobre bases saudáveis, pode auxiliar o homem em sua luta pulsional e capacite o Ego no cumprimento de suas funções
“Deus não existe, sem antes ter desejado que Ele não exista” Joseph de Maistre
E se “Deus” existe?
Apesar de ninguém saber ao certo o momento em que os homens passaram a cultuar deuses, a maioria dos arqueólogos e antropólogos concorda que esse é um traço comum de todas as civilizações.
A grande diferença entre o religioso e o agnóstico talvez seja o sentido da existência e é imperativo respeitar a espiritualidade do outro!
Até esse momento ninguém demonstrou ao contrário, Exemplos estão o número de igrejas, templos, seitas...A religião aquece a alma
De onde vem o Universo? E para onde vai?
Talvez o problema esteja em humanizar esse “deus”. Ele está na natureza, nas relações afetivas, naperfeição da construção do corpo humano
Anselmo de Aosta defendia que a fé precede a razão e que a razão pode expandir a fé
Tomás de Aquino: “E não se conhece Deus imediatamente como numa contemplação direta com a essência divina, mas somente através de um saber analógico”
O grande pulsar da vida o nascimento e a morte!
A humanidade está repleta de sofrimento, mas regada por momentos inesperados, inesquecíveis e eternos
“Nada favorece tanto o crescimento espiritual quanto essa capacidade de estudar de forma metódica e detalhada tudo o que nos acontece” Marco Aurélio
Descartes demonstra a existência de Deus a partir do fato de que não nos conservamos a nós próprios. Se não podemos garantir a nossa existência, mas apesar disso existimos, é porque alguém a garante
“A morte bate à porta por delicadeza, mas entra, mesmo sem convite, porque vem cumprir uma ordem de Deus ou de uma força maior inexplicável” Paulo Sergio Coelho Filho
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossos desejos de domínio filosófico e narrativo” Hamlet
E eu?
Como médica, psicanalista, católica e budista creio em Deus como uma força maior, imensurável, não sou prisioneira de doutrinas religiosas. Sou mística a procura de uma resposta, respeito todas as religiões e casualmente frequento qualquer uma delas
Talvez Deus seja isso: A não resposta, o mistério, a dúvida, a coincidência, o destino, a manifestação do inconsciente
Onde Deus é mais vivenciado? No morrer de quem mais se ama!
Pelas experiências vividas Deus existe!
Independente da sua crença, ninguém comprovou a favor ou contra Deus. Não teremos essa vida, com a mesma mãe, pai, filhos e amigos. Então viva intensamente tornando-a extraordinária
Texto inspirado pelo psicanalista João Porciano