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O direito em morrer

O direito em morrer
Maria Ofelia Fatuch
out. 31 - 4 min de leitura
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Maria Ofelia Fatuch

Halloween e o simbolismo da morte, uma festa com vários nomes: Samhain (fim de verão), Samhein, La Samon, ou ainda, Festa do Sol. 

Mas, o que ficou mesmo foi o escocês Hallowe'en. 

Uma das lendas de origem celta fala que os espíritos dos que morreram ao longo daquele ano viriam para possuir novos corpos vivos

Aproveito para um dia macabro falar sobre eutanásia.

A palavra eutanásia vem do grego "eu" (bem) e "thanásia" (morte). Significa "boa morte" ou "morte tranquila". No procedimento, a morte de um paciente é induzida após o seu consentimento. Ocorre em geral com o auxílio de um médico e por meio de injeção letal e indolor.

A eutanásia e o suicídio assistido são considerados crimes no Brasil porque a Constituição Federal prevê como direito fundamental e, portanto, irrenunciável, o direito à vida.

O direito de tirar a vida de alguém no pensamento cristão pertence somente a Deus, pois, foi Ele quem criou e deu vida ao ser humano, tendo por este motivo o direito de tirá-la quando quiser.

A ortotanásia (também chamada de eutanásia passiva e que, etimologicamente, significa morte no tempo certo) caracteriza-se pela limitação ou suspensão do esforço terapêutico, ou seja, do tratamento ou dos procedimentos que estão prolongando a vida de doentes terminais, sem chance de cura. Liberada no nosso país

 No atual estágio do ordenamento jurídico brasileiro a chamada “eutanásia” configura crime de homicídio. O máximo que pode ocorrer em casos é o reconhecimento de uma redução de pena devido à configuração do chamado “homicídio privilegiado” 

 Atualmente, a morte assistida é permitida em quatro países da Europa Ocidental: Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça; em dois países norte-americanos: Canadá e Estados Unidos, nos estados de Oregon, Washington, Montana, Vermont e Califórnia; e na Colômbia, único representante da América do Sul.

 A quota é de 100 euros por ano, o suicídio assistido custa 10 mil euros. Na associação “Dignitas – Viver com dignidade, morrer com dignidade”.

 Um dos primeiros livros lidos como acadêmica de medicina foi de Elisabeth Kubler-Ross: “Sobre a Morte e o Morrer” a pioneira em falar sobre esse assunto.

O que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e a qualquer um que conviva com ele?

 A morte apesar de assustadora é fascinante, o desconhecido nos atrai!

Dizem que a autora no final da vida teve alguns problemas de saúde mental

 Já dizia o filósofo Friedrich Nietzsche:

“Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”

 A morte é consumada e irreversível. O que interessa é a dor do morrer.

A vida escoa pelas mãos sem conseguir segura-la.

O sabor da existência torna-se insípida.

E para que serve a medicina? Aliviar a dor.

A dor deve ser transformada em sofrimento para o indivíduo poder ressignifica-la

Ainda como aluna escrevi: “Não prolongar a morte e sim proporcionar morte com dignidade” .

Foi uma afirmação confrontada a quase 40 anos .

Ao assistir ao filme premiado de Pedro Almodóvar Caballero “O Quarto ao Lado” e a recente morte do escritor Antonio Cícero me fez refletir sobre o direito em morrer.

As questões sobre a efemeridade de aspectos cruciais da existência, como escolhas, relacionamentos, carreira e outros pontos importantes da vida.

Só vive bem quem tem a consciência da sua finitude.  A grande pulsão de viver é o amor e à morte os dois se encontram na mesma vibração.

Talvez sejam o objetivo da existência.

O mistério entre os dois é intangível e coberto por uma nebulosidade.

Entrelaçados o amor e a morte estão opostos enquanto o amor impulsiona e brilha, a morte degrada, provoca serenidade.

O doente perde a fé nas pessoas que as façam a coisa certa, escolhe um anjo da guarda para acompanha-lo na jornada, assim como no filme, nem sempre é à família ou a pessoa mais próxima, talvez alguém que precise aprender a morrer em vida e receber a oportunidade de vive-la novamente, a experiência da morte no outro. Uma ressurreição.

 Há muitas formas de viver dentro de uma tragédia. E pode ser gratificante.

É possível, respondeu Freud, que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez morramos porque desejamos morrer.

Você já pensou na sua própria morte?

E com quem você gostaria de estar no crepúsculo dos seus dias, para quem você endereçaria, não só a sua carta de despedida, mas seu último beijo e olhar? 

 


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