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Como meu milagre aconteceu parte 3

Como meu milagre aconteceu parte 3
Viviane Alves de Cerqueira Almeida Pereira
jun. 28 - 8 min de leitura
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Continuação...

Quando íamos para sala de ordenha, muitas chegavam triste, abatidas. Porem sempre conversamos e contamos piadas, e rimos das nossas histórias, pois senão fosse assim, seria mais um momento de tortura para cada uma de nós. Ou vocês acham que ficar com os seios a mostra e ter que tirar seu leite na frente de pessoas que você nem conhece é prazeroso?

Não, não é. E muitas sentem muita vergonha. Então como era o único momento que ficávamos mais próximas, porque não fazermos amizades, estreitarmos laços, dividir vivencias, e dar uma palavra amiga para que precisa. Enfim eu sempre fiz o possível para passar alegria a todos ao meu redor, mesmo no momento mais difícil em minha vida.

Lá era o local aonde ficávamos sabendo de todos os detalhes que cada uma estava enfrentando com seu bebe, e todas se juntavam para apoiar e dar força para aquela mãe mais abatida. Porque por mais que estivéssemos bem, em alguns momentos uma de nós se abatia com tantos percursos. Esse sentimento de união, é essencial para nós que estamos tão fragilizadas, afinal, só quem passa por uma UTI NEO sabe do que estou falando.

Minha irmã Patrícia engravidou praticamente junto comigo, tanto que nosso primeiro ultra apareceu a data provável do parto para o dia 01 de novembro, rimos muito e minha mãe ficou preocupada até, pois não saberia como faria para ajudar as duas ao mesmo tempo rsrsrrs coisas de mãe né.

Mas isso não ocorreu Rafinha nasceu dois meses antes daquela data em 01 de setembro. Minha irmã foi visita-lo na UTI, mas não conseguia ficar pois só chorava. Quando o Rafa foi desengado pelos médicos, ela ficou bem chateada, e pensava como poderia ir me visitar. Ficou com receio pois ela ainda estava gravida e não queria que eu pensasse que ela teria seu filho e eu não. Bom sei que todos pensavam assim, até a sogra dela em uma oportunidade que tivemos de se encontrar depois de tudo que aconteceu, me falou que não sabia como eu iria reagir vendo meu sobrinho. Bom eu ia reagir como toda tia, eu acho. Rsrsrs

Sei que muitos foram me ver na uti somente por protocolo. Afinal tem pessoas que só vemos em casamentos e enterros né?

Mas isso não me abala, pois foi nesse momento que descobri como sou amada por pessoas maravilhosas, que ficaram ao meu lado mesmo sem poder, me passaram força mesmo que de longe, que me transmitiam paz em um turbilhão de emoções que eu estava passando.

Tudo isso me fez entender todo o pra que daquilo tudo. E como Deus sabe de todas as coisas, e nos transforma em pessoas melhores a cada dia, basta apenas abrirmos nosso coração e deixar o amor dele entrar. Eu sentia uma paz, um amor, mesmo no pior momento, de dúvidas de questionamentos, mesmo assim eu estava lá inteira, forte, e juro pra vocês, que eu nem sei como estava assim viu.

Bom voltando ao Rafinha, após o jejum absoluto ele voltou a receber o leite. Nossa lembro do primeiro dia, deram 0,5ml isso mesmo meio ml de leite, em uma gase que passaram em sua boca, quando ele sentiu o cheiro do leite ele agarrou a mão da enfermeira com tanta força que ela até se assustou, e sugava o dedo com uma fome que eu comecei a chorar. Pois estava vendo meu filho com fome tadinho. Mas tínhamos que ir com calma. E assim fomos um dia de cada vez, mas graças a Deus não demorou muito para ele receber mais leitinho, e eu ficava assustada pois não estava tirando tanto leite. Mas mesmo assim estava feliz por ele ter recebido alimento.

Após 10 dias ele foi liberado para mamar no peito, nossa uma emoção que nem consigo descrever de tão grande que foi. Finalmente era ele e eu, juntos todos os dias e nas horas das mamadas. Meu branquelinho, estava com a pele mais escura, pois como recebeu muitos antibióticos, seu fígado teve lesões também, e adquiriu uma icterícia indireta, que deixava a pele em tom esverdeado, eu até brincava falando que ele era filho do Shrek, rsrsrs.

Bom estava contando os dias para que pudéssemos receber alta e ir embora pra casa. Mesmo sentido que estaria deixando meus outros filhos pra trás. Engraçado como nos apegamos mesmo sem nem ter visto de pertinho, sentido seu cheirinho, temos um amor diferente por todos os bebes que ali estavam, sei que temos afinidades com algumas mães mais que outras, mas ali somos todas uma só.

Quando o Rafa estava se recuperando, nossa Bia se foi. Nossa sei que pode parecer mentira, mas me questionei muito, pois era a primeira filha deles, e mesmo assim não tiveram o mesmo privilegio que eu de continuar com ela. Sei que Deus não quer que questionemos suas decisões, mas naquele momento eu questionei sim. Hoje não tenho mais contato com a Paula, não sabia como ligar pra ela, o que eu diria a ela? Mas me lembro sempre deles, com muito carinho.

Na semana que tivemos alta eu ia de carro todos os dias, com o bebe conforto no carro e roupas tudo, pois tinha dentro de mim uma esperança muito grande de que logo estaríamos saindo. E assim foi, Dr Fazio nos deu alta com a condição de levar o Rafa toda semana em seu consultório para que ele acompanhasse seu ganho de peso, afinal ele estava liberando o Rafinha com apenas 1.950kg, pois estava com medo de que ele pegasse outra infecção dentro do hospital. Ele me disse que o Rafinha já tinha sofrido demais, e que em casa poderia ficar mais seguro, mas sem receber muitas visitas e passeios. Acatei todas as exigências e assim fomos embora, eu e ele somente rsrsrsrsr uma loucura eu sei, desci todas as coisas do Rafinha primeiro, sai com ele na cadeira de rodas e um dos funcionários do hospital que ia conduzindo, sai como se tivesse saindo da maternidade rsrsrsrsr, não falei para ninguém que estávamos indo pra casa. Assim que cheguei em casa, subi até a casa de minha mãe, ela levou o maior susto pois não me via já algum tempinho né, e quando me viu chegando com meu pacotinho nos braços então nossa todas choramos muito e minha irmã também estava lá, bom eu não avisei, mas nem precisou, pois Deus faz tudo perfeito. Rsrsrs

Finalmente estávamos em casa, não precisava mais ficar indo até o hospital para ver meu bebezinho, e ficava com ele 24 horas do dia colocado em mim. Literalmente pois ele mamava de hora em hora, afinal eu não tinha muito leite, e ele só podia mamar o leite materno. Então se vira nos trinta filha e se transforma em vaca rsrsrsr. Meu pai cantava a música da cabritinha kkkkkk

E foi assim que passamos por uma turbulência daquelas viu. Mas cada dia é uma aventura quando se tem um prematuro. Mas o que posso dizer sobre tudo que passei, é que passaria por tudo novamente pra ter meus filhos. Hoje não vejo minha vida sem eles, e sei que tudo que passamos é para nossa evolução.

Hoje meu baixinho está com 4 aninhos de muitas travessuras e amor, pois nunca vi criança tão amorosa como ele.


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