Falar ou não falar, ser verbal ou não verbal no espectro e suas alterações.
Para quem me conhece e já leu ou viu minha história sabe que tive problemas com a fala, logo quando pequeno, para ser mais exato eu desenvolvi a fala logo aos sete, oito meses de vida, falava papai, mamãe, nome de objetos e desenhos, na década de 90 isso era muito incomun. Porém tudo mudou, logo após um sarampo fiquei muito mais retraído e parei de falar.
Fiquei mais de dois anos sem falar, esse processo é super normal e poderá ocorrer em qualquer idade, minha mãe não desistiu de mim, sempre conversando bastante e mantendo o diálogo de repetição, se fazia muito restrito o apoio de fono nessa época eu também não tinha nenhuma possibilidade de pagar por vir de uma família muito humilde.
Aos três anos e oito meses comecei a falar, falar de tudo e muito, desde então não parei mais, notei que ao passar do tempo sem apoio adequado e de uma fono eu falava cada vez mais rápido, o taquipsiquismo se fez presente em sequência na fase adulta apresentei taquilalia.
Hoje com trinta e um anos de idade eu comecei apresentar mais dificuldade na comunicação extensa e externa foi então que recebi do médico e neuropsicólogo um pedido de urgência para apoio tratamento e terapia.
Sendo assim venho falar para você mamãe, papai, cuidador ou autista que não existe isso de sete anos ser o limite para o desenvolvimento da fala ou que seu filho não terá um desenvolvimento na fala, isso poderá ocorrer entre diversas formas e fatores, ele poderá se comunicar por gestos, idiomas, placas, libras ou até comunicação adaptativa para Autistas. Ficar preso em uma idade impossibilita o autistas e os familiares trabalharem com antecipação e preparação no seu processo de desenvolvimento. Autistas podem ser não verbais e conseguirem desenvolver essa fala mesmo adultos, conforme a médica e minha amiga Lary que vocês podem conhecer pelo meu Instagram.
A confusão que ocorre dos sete anos de vida como limite de desenvolvim0ento é um erro comum de alguns profissionais que levam ao pé da letra o processo cognitivo (Típico) para a quantidade de palavras aos dois,três, cinco até os sete anos com avaliação da quantidade de palavras representadas e o vocabulário adquirido, porém como já foi provado, autistas podem se aproveitar do seu próprio processo de neurodesenvolvimento, com a plasticidade cerebral conseguimos fazer um upgrade constante quando recebemos o devido apoio e a forma de se chegar ao resultado nunca deverá ser sua maior preocupação mas sua forma de engajamento para apoio transdisciplinar.
Cada autista terá seu tempo e seu desenvolvimento, viva o presente e evolua em conjunto.
Autista Savant - Neurocientista - Jacson Marçal @jacsonfier