Sondagem foi elaborada a partir de dados compartilhados por 3 mil pais, familiares e amigos de bebês prematuros
A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com elaborou um estudo a partir de dados compartilhados por 3 mil pais, familiares e amigos de bebês que nasceram prematuros no Brasil. Com as respostas, a ONG, fundada há cinco anos no Rio Grande do Sul, revelou dados que faz a gente refletir, principalmente, sobre o custo e o que está sendo feito para que famílias sem condições e que dependem do SUS consiga receber o tratamento adequado para o seu filho que acaba de nascer prematuro e precisa de cuidados especiais.
Só para terem uma ideia da gravidade do assunto, a prematuridade é a segunda causa de mortalidade infantil no mundo. São cerca de 30 milhões de bebês que nascem prematuros ou com baixo peso ou adoecem logo nos primeiros dias de vida, segundo um relatório lançado em dezembro de 2018, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados da pesquisa revelam que, em média, os prematuros nascem com 32 semanas, pesando 1,4 quilos e com comprimento de 38,4 centímetros. Outro dado aponta que o tempo de internamento do recém-nascido é de 51 dias e entre as intercorrências mais citadas estão hemorragia, anemia, transfusões de sangue, icterícia e apneia. Intercorrências estas que se não tratadas de forma adequada podem acabar provocando agravos futuros.
A pesquisa também indica que 12,4% dos prematuros ficaram com sequelas sendo que a dificuldade motora é a mais comum, com 40,1% dos casos. Em seguida aparecem os problemas respiratórios com 34,4%, a dificuldade visual com 21,4% e as dificuldades nutricionais e alimentares com 14,5%. Das quatro dificuldades motoras apresentadas as mais citadas foram a paralisia cerebral (16,7%), atraso no andar (16%), atraso motor (12,4%) e não andaram (8,7%).
Para a vice-diretora da ONG Prematuridade.com, Aline Hennemann, diante do resultado do estudo, se percebe que, no geral, as mães receberam orientação de como cuidar do filho em casa, porém o medo de como seguir no dia a dia é grande. “O medo de não conseguir realizar os cuidados como aconteciam no hospital e com isso acabar causando danos ao seu filho é muito grande. O banho e o momento da amamentação são os mais citados pelas famílias como de grande ansiedade e incertezas”, fala.
Diante de tantas preocupações, relatos de medos e inseguranças, Aline faz questionamentos que devem envolver toda a sociedade brasileira. “Precisamos de psicólogos em todas as unidades de tratamento intensivo (UTIs) neonatais para que possam dar um suporte para estas famílias antes da alta, oferecendo suporte emocional. Para isso, propusemos um projeto de lei, o PLS 742/2015, que, infelizmente, foi arquivado”, lamenta Aline.
As famílias participantes da pesquisa, feita entre outubro de 2016 e junho de 2019, foram cadastradas no banco de dados da ONG (www.prematuridade.com).
Custo
Com base em um estudo realizado na Santa Casa de Misericórdia e Maternidade de Rondonópolis (MT), apresentado em 2017, a fundadora observa que a média de custos diários por paciente na UTI neonatal é de R$ 934,48. O valor é assustador quando levado em consideração que em média um prematuro fica 51 dias internado. Considerando o universo de 330 mil prematuros nascidos anualmente no Brasil o custo será superior a R$ 15 bilhões por ano.
Ações
Para chamar a atenção para o Novembro Roxo, que tem o Dia Internacional da Prematuridade lembrado na data de 17, a ONG Prematuridade.com realizará uma série de ações no País, como caminhadas e palestras. Também está sendo lançado um vídeo sobre a prematuridade. O material pode ser conferido no site da ONG ou neste link.
Confira o calendário de algumas atividades
01/11 – Simpósio no Hospital Moinhos Vento POA em Porto Alegre (RS)
06/11 - Ação com parlamentares na Câmara dos Deputados
10/11 – IV Caminhada Prematuridade em Porto Alegre (RS)
17/11 – Caminhada Prematuridade na Avenida Paulista em São Paulo