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Conhecendo outro Jackson com K

Conhecendo outro Jackson com K
Jacson Marçal
set. 16 - 18 min de leitura
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A soma de uma semana, era assim que tinha o espelho deste mês de setembro, os dias estavam sendo gratificantes, cada dia estava sendo somado como um dia gratificante. Minha mãe estava bastante motivada com tudo que tinha aprendido, em apenas um dia, sim, não era um ano de aula, era apenas  um dia, sendo  enfático mesmo, quero apenas expressar minha perplexa, insatisfação do método de ensino atual, a educação bancária[1], antigo e não pedagógico, ela tinha passado por várias pessoas é não conseguia sair da sala com uma palavra escrita, não conseguia escrever nem mesmo seu nome que a representava em sua identidade.

Aquela senhora muito educada, que trabalhava junto com minha psicopedagoga, ambas estavam bem empenhadas em ajudá-la, minha mãe como nunca fazia planos para conseguir ler diariamente, mesmo que bem pouco. Eu bastante motivado em aprender as mais variadas formas de redigir um texto, de aprender as formas corretas da narrativa, expressiva, das broncas que a psicopedagoga me dava, indiretamente, com mãos de pluma ela conseguia reduzir minha raiva e agitação, focando a capacidade de memorização em dissertação.  Meu atendimento do dia doze de setembro de 2019, com minha psicopedagoga, não seria o mesmo de antes, assim como todos os outros, sempre me reservava surpresas, porém essa seria diferente, os sentimentos desse dia seriam absorvidos por mim, como antes nunca visto e presenciado. Saímos às sete horas, passamos no trabalho de minha esposa às sete e meia, cinco para as oito já estávamos no NAAH/S[2], aquele dia seria marcante em minha vida.

Estava também com o  amparo familiar, minha mãe se mostrava muito motivada com seus exercícios que tinha feito em casa, no dia seguinte, porém ela estava lendo todo dia um pouco, já estava planejando prolongar os estudos, criando planos para sua alfabetização, ela nunca tinha se sentido tão amparada por alguém daquela forma. O clima estava tranquilo, na primeira sala tinha duas senhoras discutindo sobre o posicionamento correto do veículo pela via, se seria certo a moto andar pela direita, estava agoniado com aquela discussão incisiva, uma falava não saber outra não sabia distinguir. No transporte o processo que elas provavelmente saberiam, visto que para se discutir sobre deveriam ser motoristas também,  se estavam no trânsito, as regras básicas de fundamento seriam aplicadas para qualquer indivíduo, como a qualquer veículo, independentemente de ser moto, sabemos que se deve ultrapassar pela esquerda, não pode ultrapassar pela direita, dando seta, pedindo passagem para depois acessar a via de mão direita para entrar, evitando também o ponto cego em uma via dupla.

Após quarenta minutos, psicopedagoga chamou minha mãe, as oitos e quarenta e quatro, estava um pouco atrasada, porém nada além do plano diário de uma quinta feira, como de costume, psicopedagoga e sua equipe estavam sempre dispostas no atendimento, foi dado o apoio e iniciando o atendimento com sua parceira. Então chegou minha vez, psicopedagoga me chamou para sala, viu que não seria possível o atendimento e discussão, foi então que me levou para sua sala, seguindo o atendimento voltamos a exercitar pontos de sintetização, além de me auxiliar na criação de manuais para minha atividade de Neurofeedback[3].

Foi dia de rever todo meu relatório, precisava me empenhar mais no preenchimento, no passo a passo do aplicativo, discutimos sobre gramática, alguns pontos foram melhorados, outros ajustados, no fim verificamos alguns pontuais para direcionar atividades extras ao meu projeto. Foi no final de tudo, daquela sessão que meu dia iria começar de verdade, após se despedir da psicopedagoga e sua equipe, já na saída , eu fui acompanhado como sempre pela mesma, quando me deparo com um jovem lhe esperando na recepção,  psicopedagoga sem muita delongas, me apresentou ao outro eu, um Jackson. Logo me lembrei do relato dela sobre esse Jackson, alguém que ela me falava que tinha muitas ideias, porém nem ela conseguia acompanhar seus raciocínios, que costumava teorizar bastante sobre a matemática.

Eu estava com tempo bem apertado, tinha um compromisso as treze e trinta daquele dia, saberia que a psicopedagoga, queria nos dar algum tempo juntos, para discutirmos um pouco sobre a medicina, uma área de meu interesse e sua matemática, uma área de interesse que o mesmo ligava a medicina. Aceitei o convite para aquele momento, quem sabe não surgiria uma brainstorming[4], novas ideias, um novo modo de observar a medicina, para um bom matemático, se fosse mesmo possível até resolver as equações que quebravam paradigmas.  Logo no inicio após  as apresentações, percebia que ele se parecia muito comigo em alguns aspectos, muito calado, bem retraído, me deu a mão não muito firme, falava baixo, psicopedagoga pediu para ele me mostrar um pouco dos seus estudos ou quem sabe falar um pouco sobre seus planos, ele estava um pouco inquieto é disse que não tinha trazido nada, que estava lá para falar de um assunto pessoal.

Ele falou bem baixo, que seu pedido para algum processo tinha sido negado, psicopedagoga lhe perguntou por que não lhe passou nenhuma informação, para que pudesse lhe ajudar, recorrer solicitando novamente, sem muitas delongas explicou para o mesmo que o prazo teria passado para que ela pudesse lhe ajudar, eu logo imaginei que poderia ser algum passo de isenção ou requisição ao Enem, sendo assim não teria muito o que fazer para ajudar aquele jovem rapaz. Foi então que a psicopedagoga questionou sobre sua ausência, ele disse que estava com seu avô, que tinha passando por uma cirurgia, nessa hora eu imaginei que ele poderia ter alguma doença, por isso não conseguiu se atentar aos prazos, a psicopedagoga como de costume, bem atenciosa lhe perguntou: - Você ou ele?  Em seguida ele respondeu. - Ele, eu o acompanhei, estava com glaucoma. Percebi algumas falhas no processo cognitivo, assim como eu tinha minhas dificuldades, ele também tinha algumas, percebi que ele estava um pouco sujo, com as roupas, sapatos e camisa, estava também bastante soado, provavelmente tinha pegado o transporte caótico goiano. Iniciamos uma breve conversa, logo percebi que ele tinha alguns pilares da física e biologia, falou das frequências humanas, área que gosto bastante, disse que tinha interesse em salvar vidas pela matemática, descobrindo a cura do câncer utilizando cálculos para acessar algumas linhas dessas ondas, percebi que tinha entendimento aprofundando sobre as equações de dobras do espaço e tempo, que seu foco não estava apenas em ondas, eu logo animado, queria compartilhar com ele um pouco do meu conhecimento sobre as ondas, falei um pouco do meu atual estudo, que também existiriam estudos que apontavam que com as 6 ondas de captação do EEG posicionadas em cada parte do corpo, poderiam estabelece delimitadores para identificar um órgão saudável e não saudáveis, em consequências alimentos que poderiam ser revertidos dentro da área molecular. Eu estava bastante animado, mostrei pra ele um estudo que falava sobre as ondas em frequência molecular, porém que seria necessário um bom matemático para organizar todas as frequências para chegar em tratamentos ideais com alimentos saudáveis.

Eu logo observei, ele de cabeça baixa, assim como eu tinha costume de fazer, estava longe, anos luz do meu pensamento, estava analisando os furos da expansão da dobra, onde as moléculas se desmontavam, ele queria e reconstruir todo processo, tudo pela matemática. Percebi então que ele estava falando de temas recentes como as dimensões, os traços de reconstrução do teletransporte e a radiação x, tudo em uma escala de elementos, comecei a ficar confuso, entendia alguns fundamentos porém outros estavam muito longe do meu alcance, ele tinha a calculadora e os fundamentos no cérebro, em reverencia ao ditado popular faca e queijo na mão, porém tinha coisas que o impediam de observar alguns fatores para iniciar sua matemática da vida.

Não sou nenhum especialista em matemática, inclusive junto com a gramatica são as matérias que menos gosto de estudar, porém sei da importância de sua formação  para os profissionais, acredito também que com a matemática bem aplicada conseguimos direcionar vários estudos, pesquisas não só em níveis estelares como em aspectos moleculares, de maneira restrita e até então ilimitada, visto que até então não podemos mensurar todos os números. Ele estava além de agitado internamente, com algum sofrimento que lhe deixava pensativo, após convidar ele a pensar sobre a força nuclear x, fissão vs. fusão, que seria a união de duas forças ele se mostrou confuso sobre o tema, percebi que ele sofria um pouco do que passava, ele estava indo muito rápido sem rever as questões básicas, dentro dos parâmetros que ele queria me explicar percebi que ele tenha conhecimento das grades porém não sabia explica, ele não era burro, apenas estava perdido no meio de tanto conhecimento.

Que dificuldades ele estava passando, seriam eu, em meu extremo colapso, alguém muito inteligente ao mesmo tempo perdido? Dava pra perceber, ele era solitário, aquilo me deixou muito pensativo, não conseguia acompanhar seus pensamentos, psicopedagoga queria nos reunir, quem sabe para eu compartilhar um pouco do que estava passando e melhorando, eu precisava sair também, lhe pedi seu número, ele então me passou, tinha que ir embora, preferi deixar ele com a psicopedagoga, naqueles últimos momentos, pelo menos visando uma possível conversa entre ele e a psicopedagoga que precisava sair, acredito eu, por conhecer o perfil de Jackson ele não teria avisado a mesma sobre sua visita. Foi então que me despedi e dessa vez fui embora, chegando no carro, logo de início comentei com minha mãe sobre aquele jovem, sobre suas ambições, minha mãe preocupada logo perguntou; - Será que ele precisa de ajuda?

- Talvez mãe, vamos verificar depois, respondi. Conforme ele tinha me passado o número eu iria entrar em contato com ele, meu ponto positivo sempre foi, mesmo que digitalmente a comunicação e posicionamento pessoal. Em seguida lhe mandei uma mensagem, de boas-vindas, enviei também o artigo que tinha conhecimento, porém observei que ele não tinha visualizado, conforme o dia passava aquilo me amargurava, eu estava sentindo calafrios, até chegar na psicopedagoga e compreender um pouco mais de sua história, ele era uma pessoa que sofria agressões de seus tios, sofria preconceito no seu meio familiar, chamado de retardado mental pela família.

Jackson apresentavelmente ele era um garoto humilde, me via nele, indiretamente, com traços de sutileza, um rapaz que poderia, ter seu potencial modelado, recuperado e direcionado profissionalmente, psicopedagoga fazia o possível para lhe ajudar, mesmo assim ele não tinha até então nem lhe passado o próprio número. Peguei o telefone as dezoito horas, liguei para o número que ele tinha me passado, não consegui falar com ele, em desespero compartilhei meus sentimentos com minha mãe, ela também compartilhava dos mesmo comigo, ficamos literalmente de coração partido, sem saber onde estava o Jackson, aquele rapaz que parecia tão perdido, quanto potencial a ser explorado, tinha também sua fragilidade amostra. Isso começou a doer, comecei a perceber mais sobre os relatos e queixas que a psicopedagoga me fazia, como parecíamos idênticos, Eu, Meire e Jackson, eu com toda aquela angustia, queria ajudar alguém que havia acabado de conhecer, Jakson com sua aceleração super desenvolvida , sem direcionamento e Meire com suporte precário do governo.

Foi então que Jackson começo a conversar comigo, disse um simples: - Oi, eu logo em seguida disse:

- Oi, está tudo bem como você? Onde você mora? Vamos marcar um dia para conversarmos mais?

Ele então me respondeu:

- Tudo bem, vamos sim.

Fiquei bastante ansioso, queria ajudar ele, mostrar alguns passos para os estudos, queria que ele compartilhasse seu conhecimento comigo, queria tentar filtrar as variantes acessíveis é lhe ajudar de alguma forma, queria mostrar que poderia compreender, que não lhe achava louco. Busquei nesse breve texto expressar minha angústia, não só nas palavras, mas no sentimento absorvido por aquele Jackson, poderia ser eu, poderia se você, poderia ser qualquer pessoal, a que ponto chegamos?

Onde nós colocamos para absorver a necessidade do próximo. Somos apenas pessoas, com qualquer tipo de transtorno, que não conseguem expressar os sentimentos, ou são as pessoas ao nosso redor que conseguem observar, analisar e ajudar um amigo ou familiar?  Mesmo que fosse um gesto simples, ou um estado de transferência de sentimentos, precisaríamos direcionar todos esses pontos para ajudar as pessoas. Jackson não poderia ser apenas mais um Jackson, deveria ser aparado de todo forma, não irei desistir dele, mesmo que fossem as mais singelas palavras, apenas queria lhe mostrar que éramos iguais, pessoas comuns vivendo em um universo contemplado pela insensatez. Não quero só criticar a família, gostaria de criticar o governo, que não consegue cumprir o direito básico do deficiente, a lei federal n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, ano de meu nascimento, que nos fundamento básicos esquece de aparar o indivíduo, preciso também enfatizar o não cumprimento do direito básico da educação. Todo mundo tem direito à educação. A educação será gratuita, pelo menos nos estágios elementar e fundamental. O ensino fundamental será obrigatório.

A educação técnica e profissional será disponibilizada em geral e o ensino superior deverá ser igualmente acessível a todos com base em A educação deve ser direcionada ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e ao fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, promovendo a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações, grupos raciais ou religiosos, e promovendo as atividades de Nações Unidas para a manutenção da paz.

Os pais têm o direito prévio de escolher o tipo de educação que será dada aos filhos. (UNESCO, 37-100). Direito esse que mesmo que em suas altas habilidades ou deficiências adquiridas se vê em meio ao colapso da estrutura, vejo o NAAH/S em meio ao turbilhão desse casos, eles não suportam, hoje atendem apenas crianças, ato restrito, mesmo com suas agendas lotadas de visitas, consultas e apoio, tentam de alguma forma apoiar todas as crianças,  gostaria de enfatizar que não apenas as atuais crianças mais as eternas crianças aprisionadas em seu universo. Vou trabalhar, mesmo que seja com o mínimo dentro do meu máximo, para que todas as crianças, Jackson, Pedro e Maria tenham acesso à educação, apoio familiar e social. BIBLIOGRAFIA: VIRGOLIM, Ângela M. F.(org.) Altas Habilidades/Superdotação – Encorajando Potenciais. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial, Brasília – DF, 2007.

[1]No Brasil, temos os primórdios desse tipo de educação com a chegada dos jesuítas que tinham como missão a catequização do povo nativo, assim produziram um sistema de ensino baseado na reprodução de conhecimento. Promoviam discursos e teatralização do conteúdo a ser decorado e reproduzido pelos índios. Dessa forma, os índios apenas reproduziam o idioma e a religião do povo dominador, mas de uma forma mutiladora (de suas tradições) e alienante (sem haver assimilação desses novos conteúdos). Com a construção de escolas, o ensino continuava o mesmo: Uma reprodução de conteúdo de forma arbitrária e mecânica. (FREIRE, 2016, p15-25). [2]Muitos são os desafios que nossas escolas têm que enfrentar para poderem fornecer uma educação de qualidade e atender às demandas cognitivas de todo o seu alunado de forma inclusiva. A par destes desafios, a criação dos Núcleos de Apoio às Altas Habilidades/ Superdotação – NAAH/S apresenta-se como uma resposta adequada aos problemas propostos pela área. Além de atender ao alunado identificado como superdotados, os Núcleos objetivam a promoção da formação e capacitação dos professores para que possam identificar e atender a esses alunos, aplicando técnicas e estratégias de ensino para a suplementação, a diferenciação e o enriquecimento curricular. (VIRGOLIN, p. 10, 2007). [3]Neurofeedback (NFB), também denominado neuromodulação autorregulatória, neuroterapia, neurobiofeedback ou EEG biofeedback, é um tipo de biofeedback que utiliza métodos diversos, como o da eletroencefalografia (EEG), exibidos em tempo real, a fim de monitorar a atividade cerebral, geralmente com o objetivo de controlar a atividade do sistema nervoso central. No caso da eletroencefalografia são colocados sensores em diversos pontos na cabeça do paciente para medir a atividade cerebral, exibindo medições usando monitores de vídeo ou de som. O neurofeedback baseia-se no registo e análise automática da atividade elétrica do cérebro, com um considerável número de aplicações, com excelentes resultados. (Birbaumer, p. 17-107, 2009). [4]O brainstorming ou tempestade de ideias, mais que uma técnica de dinâmica de grupo, é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa de um indivíduo ou de um grupo - criatividade em equipe - colocando-a a serviço de objetivos pré-determinados. A técnica propõe que o grupo se reúna e utilize a diversidade de pensamentos e experiências para gerar soluções inovadoras, sugerindo qualquer pensamento ou ideia que vier à mente a respeito do tema tratado. Com isso, espera-se reunir o maior número possível de ideias, visões, propostas e possibilidades que levem a um denominador comum e eficaz para solucionar problemas e entraves que impedem um projeto de seguir adiante. (NOVATEC, p. 22-31, 2015)

 


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