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Amizades no autismo e minhas dificuldades de interação para com o meio típico.

Amizades no autismo e minhas dificuldades de interação para com o meio típico.
Jacson Marçal
nov. 16 - 3 min de leitura
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Eu desde pequeno sempre me coloquei á disposição da comunicação, lógico que esse modelo poderá ser variável e diferente para cada autista, falar muito ou se comunicar seja por voz ou texto não significa para um autista criar vínculo com tais pessoas. Eu tentava manter a interação, lembro que minha mãe me deixava brincar com os colegas, porém eu sempre discutia e brigava com os colegas que queriam se sobressair ou ganhar vantagem sobre mim, ou demais crianças. 

Eu nunca aceitava nenhum ato de desvantagem, sendo assim os mais fortes sempre me batiam e o controle de amizade não existia verdadeiramente, já outros eu gerava discussão, o vínculo que todos buscavam para com a amizade eu nunca via a necessidade verdadeira. Parecia que meu cérebro sempre estaria em divergência com relação ao demais. Essa divergência nunca foi trabalhada nem por questões sociais muito menos por questões educacionais.

Eu conseguia até certo ponto manter uma comunicação básica, porém o restante do grupo de colegas não mantinha comigo nenhuma relação de retorno, salve casos que apresentava uma possibilidade de ganho, eu sempre tive os melhores, vídeo games e jogos mesmo vindo de uma família humilde minha mãe fazia de tudo para me agradar e trazer produtos para minha recreação.

Quando o contato com um colega era feito eu não costumava ir atrás, ficava esperando o retorno ou até mesmo a continuidade do diálogo, o que não ocorria visto que as pessoas esperam mais retorno para uma interação do que sua própria participação. Tudo isso me deixou sem amigos até a fase adulta.

Já adulto conhecendo outros autistas, percebi na comunidade a possibilidade de criar vínculos verdadeiros e me encontrar verdadeiramente no meio autístico como uma pessoa divergente entre várias outras que estariam dispostas a criar vínculos verdadeiros de amizade, indo em contramão de muitas pessoas apenas na fase adulta após os vinte e cinco anos comecei a criar vínculos de amizades com profissionais médicos, terapêutas, familiares de autistas  e autistas onde hoje consigo ter uma rede melhor de diálogo e contatos. Sendo assim podemos observar que a esperança que tanto buscava em ter amigos foi contemplada pela própria comunidade que me abraçou.

Hoje eu desejo que as pessoas típicas entendam essas diferenças, que busquem e não desistam do diálogo, muito menos da amizade com autistas, mesmo existindo divergências poderemos juntos superar todas diferenças.

Autista Savant  Neurocientista - Jacson Marçal @jacsonfier


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