A suspeita e o diagnóstico de autismo sempre vêm acompanhados de falas médicas sobre a importância da intervenção precoce para o desenvolvimento da criança. E, de fato, identificar sinais de atraso no desenvolvimento desde cedo é uma receita para garantir o aprendizado de habilidades que vão impulsionar o desenvolvimento da criança.
Isso acontece graças à neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o cérebro tem de se adaptar ou mudar por meio de alterações fisiológicas resultantes das interações com os ambientes. De uma forma sintetizada, a neuroplasticidade é um excelente mecanismo de aprendizagem, que permite que nos adaptemos a diferentes experiências.
Tudo que aprendemos, desde falar até tocar instrumentos, tem contribuição da neuroplasticidade. Mas o que ela tem a ver com intervenção precoce? Bom, para começar, é claro que todos passamos por vários momentos de aprendizado ao longo de toda vida, mas aprender coisas novas trata-se de um processo mais simples e fácil quando somos mais jovens.
Um exemplo disso são as escolas infantis bilíngues, que educam crianças em duas línguas (português e inglês) desde a primeira infância. Isso acontece porque, certamente, o processo de aprender a falar uma língua estrangeira é mais fácil quando estamos aprendendo a nos comunicar e a plasticidade neural está em alta. Isto é, nesse período, o indivíduo passa pelo desenvolvimento pessoal e adquire conhecimentos e hábitos sociais em uma velocidade maior. É também nesta fase que o sistema nervoso está se desenvolvendo, por isso é ainda mais importante aproveitá-la para o aprendizado.
Onde entra a intervenção precoce nessa história?
A intervenção precoce é um dos pilares para o aprendizado de crianças com sinais de atraso no desenvolvimento. Por meio dela, profissionais capacitados junto com a família podem estimular a criança de modo a trabalhar habilidades ainda não adquiridas e evitar que esse atraso se transforme em mais dificuldades ainda no futuro – aproveitando a neuroplasticidade do cérebro infantil para criar esses momentos de aprendizagem através de brincadeiras e estímulos que motivam a criança.
Por este motivo, a identificação de características comuns no autismo em crianças pequenas vem sempre acompanhada de uma indicação para início de uma intervenção precoce, mesmo sem o diagnóstico fechado. Isso acontece, primeiro, porque o diagnóstico de autismo depende de uma série de avaliações e protocolos e pode demorar, mas, uma vez que foram identificados sinais de atraso no desenvolvimento, não só é possível como também é, mas altamente recomendado para essas crianças já serem estimuladas, identificando as barreiras de aprendizagem e adaptando seu ambiente para que ela consiga explorar, aprender e se desenvolver..
Como é a intervenção precoce no autismo?
Quando falamos de intervenção precoce no autismo, existem ainda dois pilares muito importantes a ser considerados pela família:
1 - Equipe multidisciplinar
Para começar, as terapias de intervenção precoce podem ser aplicadas por profissionais de uma disciplina(ABA, fonoaudiologia ou terapia ocupacional) ou por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais de todas essas áreas que, juntos, vão avaliar a criança, entender seu repertório e definir quais habilidades ela ainda precisa desenvolver para ter uma melhor qualidade de vida.
A formação da equipe multidisciplinar varia em cada caso, mas profissionais mais comuns na composição desse time são das áreas de: psicologia ABA aplicada ao autismo, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
2 - Prática baseada em evidências
Outro pilar da intervenção precoce, que se conecta diretamente à equipe multidisciplinar e o trabalho desenvolvido por ela é a importância do que chamamos de prática baseada em evidências. Isso significa que as estratégias aplicadas nas terapias foram estudadas e tiveram seus resultados cientificamente comprovados como positivos para pessoas no espectro do autismo.
Além disso, a função mais importante da equipe multidisciplinar é identificar quais conjuntos de práticas baseadas em evidências seria bom para essa criança, já que cada pessoa é única e cada um precisa de algum conjunto específico para as necessidades.
Espero ter te ajudado a compreender mais sobre a importância da intervenção precoce no autismo. Nos próximos posts da Genial Care para a comunidade Mundo Adaptado, vamos apresentar aspectos de cada uma das disciplinas (ABA, fonoaudiologia e terapia ocupacional) indicadas para o autismo. Até lá!
Nosso próximo conteúdo: Coo funciona a ABA para o autismo? Alice Tufolo, líder de ABA da Genial Care