Como contei para vocês na parte 1 desse meu relato sobre o tratamento de Pé Torto Congênito (PTC) do meu filho Gabriel, foi feito um cadastro em um Centro Especializado em Reabilitação para iniciarmos o tratamento dele. Isso aconteceu no final de maio de 2019, e só em julho recebemos a resposta de que tinha sido agendada a primeira consulta para o início de setembro daquele mesmo ano.
Quanta angústia e ansiedade eu vivi nesse tempo! Mas esperei, com as forças que somente Deus pode dar a uma mãe numa espera como essa.
Já tínhamos tentado outros meios para agilizar o tratamento e todos deram errado. Foi quando percebemos que a única alternativa era esperar e ter fé e não perdermos a esperança. O que nos tranquilizava era que tínhamos ouvido falar muito bem desse centro de reabilitação.
É chegado o dia da tão esperada consulta!
Lá, o Gabriel passaria por três profissionais: ortopedista, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Ao chegarmos, os três profissionais nos atenderam ao mesmo tempo. Me lembro bem que o fisioterapeuta olhou, colocou as mãos nos pés do Gabriel, e deu a maior atenção, assim como a terapeuta foi bem atenciosa. Já o ortopedista, observou de longe, falou duas palavrinhas e voltou para sua mesa. A atenção do médico e cuidado do profissional fazem toda diferença em um tratamento, principalmente, para nós pais que estamos sensibilizamos com a situação e precisamos desse apoio.
Decidiram mandar fazer uma bota ortopédica para o Gabriel andar e uma para ele dormir. O pedido foi feito e a medição agendada, porque as botas eram feitas sobe medida. Perguntei se mediriam logo e eles disseram que achavam que sim, porque estava nos dias de o rapaz da medição passar por lá. Era feito por uma pessoa de outra cidade.
Também nos orientaram que seria preciso fazer fisioterapia uma vez por semana e já agendaram para a próxima semana, seguindo as sessões sempre o mesmo dia e horário. Com isso finalizou a nossa consulta.
Moramos na zona rural de Itamonte (MG) e passamos a ir uma vez por semana em uma cidade vizinha onde fica o centro de reabilitação para fazer a fisioterapia. Era um pouco longe de casa e, ao chegarmos lá, era 20 minutos de fisioterapia e, muitas vezes, o Gabriel nem deixava a médica fazer direito.
Enquanto isso, continuávamos esperando a medição das botas, que depois de mais de um mês de espera ainda não havia sido realizada. Resolvi questionar a pessoa que fazia parte da administração e recebi a informação de que tinha uma fila de espera, com muitos na frente do Gabriel.
Naquele momento, lembro de ter dito: ‘meu filho está com 1 ano e 4 meses, ainda não anda e tá com dificuldades de ficar em pé de forma correta por falta de tratamento. Como vamos esperar tanto tempo?’. A mulher respondeu: ‘Vou conversar com a diretora e tentar te ajudar’. Foi mais um anjo em nossas vidas. Depois ela nos retornou dando a notícia de que no mês seguinte seria feito a medição, a diretora tinha liberado.
Sentimos muita alegria e gratidão, primeiro a Deus e depois à Mayara (esse anjo)que nos ajudou. Se não fosse por ela, ficaríamos aguardando meses.
Chegado o dia da medida, foi confeccionado um gesso em cada pé para confecção das botinhas. Depois, mais um mês para chegar. Assim que chegou, o Gabriel começou usar imediatamente. Eram dois pares: a de sola para o uso do dia e outra que tinha uma barrinha de ferro que fixava uma botinha na outra, para uso noturno. A de uso durante o dia ele se adaptou rápido, apesar de ficar saindo do pé dele o tempo todo. Mas quando colocamos a de uso noturno, ele se desesperava, chorava e não dormia.
Nós também nos desesperamos com a situação. Não tínhamos informações certas e resolvemos retirar as botinhas.
Na ocasião, comentei com a fisioterapeuta a situação. Ela me orientou levar o Gabriel em um pediatra para passar um remedinho natural para ajudar ele a dormir mais tranquilo e ver se ele usava a botinha do horário do sono.
Fomos para a consulta com uma pediatra da minha cidade. Nem imaginava que ela nos mostraria uma luz no fundo do túnel. Contando todo o histórico, ela falou: 'esses médicos todos que vocês já foram estão enrolando vocês. Vão atrás! Conheço crianças que nasceram com o mesmo problema e nessa idade já andam e têm uma vida praticamente normal'. Ela também deu o nome de um ortopedista de uma cidade vizinha e disse 'ele vai resolver ou vai encaminhar para o médico certo, que trate de forma correta o problema do seu filho'.
Marquei a consulta com esse ortopedista indicado pela pediatra e fomos até lá. Mais uma vez contei a história toda e o médico disse: 'vou encaminhar para um ortopedista pediátrico, esse é o especialista para tratar pé torto congênito.
Nesse tempo ainda estávamos com a vaga no centro de reabilitação. Falei novamente com a fisioterapeuta, dividi toda minha preocupação pelo Gabriel já estar com um ano e meio e sem conseguir andar.
Nós ainda estávamos perdidos, sem saber o que fazer depois de tantas idas e vindas. A fisioterapeuta e mais dois médicos da mesma especialidade me indicaram conversar com o ortopedista de lá e foi o que fiz.
O médico explicou que nessa idade precisa fazer cirurgia para correção. Fez um encaminhamento para a secretaria de saúde da minha cidade, para que eles mandassem o Gabriel para cirurgia. Eu estava acreditando que só a cirurgia iria resolver.
Chegando na secretaria de saúde me informaram iam nos mandar para Belo Horizonte, só que não sabiam quando haveria vaga. Foi quando agendei consulta com o ortopedista pediátrico em Pouso Alegre (MG), que tinha sido recomendado pelo outro ortopedista. Com esse ortopedista pediátrico, a nossa história tomou rumo certo e tivemos conhecimento do que é o pé torto congênito e como deve ser tratado de forma correta.
Contarei no próximo relato como foi e está sendo esse novo tratamento que, graças a Deus, está dando tudo certo!