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Quando conheci meu filho- Leãozinho Leo Cap.6

Quando conheci meu filho- Leãozinho Leo Cap.6
Carla Delponte
fev. 6 - 6 min de leitura
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O texto abaixo faz parte da história de superação do meu filho Leonardo, a qual estou contando em etapas. O objetivo é que possamos ajudar pais e mães que estão passando por uma situação similar, a ganharem força e coragem. A vocês, o que posso dizer é algo que aprendi lendo um livro que ganhei de uma grande amiga e mãe de UTI, mãe que me ensinou o poder da fé:

"Saibamos que Deus tem estradas para você aonde os médicos não encontram mais caminhos" . (Livro: O médico Jesus)

 

 


Eu estava ansiosa para sair da UTI Adulto, voltar para o quarto e enfim visitar meu filho na UTI Neonatal. A situação dele era muito grave e falar que eu era forte o suficiente para não pensar que o pior poderia acontecer sem eu nem ao menos conhecê-lo, seria mentira. 

Mal fui transferida para o quarto, e pedi ao meu marido para ir a Neonatal. Eu ainda estava fraca, com acesso no braço mas quis ir mesmo de cadeira de rodas, eram 4 dias sem conhecer meu próprio filho, estava insuportável a angústia de não poder tocá-lo. Já era noite, mas tínhamos livre acesso a Neonatal por sermos os pais, então fomos.

Ao entrar, fomos recepcionados por uma enfermeira, que nos direcionou para higiene das mãos. Precisávamos lavar as mãos com sabonete de clorexidina, e se percebêssemos que fosse necessário higienizar novamente, tinha álcool gel por todos os cantos. Não se ouvia conversas lá dentro, apenas barulhos de aparelhos o tempo todo. Esses aparelhos ainda hoje soam em meus ouvidos...Haviam três salas grandes de UTI, cada uma delas com as incubadoras e berços aquecidos em formato de círculo e no meio uma ilha aonde ficavam enfermeiras, técnicas de enfermagem e médicos.

O Leo estava em uma incubadora perto da entrada, eu consegui sair da cadeira e levantar para vê-lo. Meu Deus...A emoção foi imensa...Meu filho estava ali dentro lutando pela vida, e as chances eram mínimas.

Eu sentia um misto de alegria, emoção, medo, tristeza e esperança. Não consigo explicar... Só podíamos abrir a portinha da incubadora e tocá-lo. Ele estava intubado (respirando por aparelhos), e já não se movimentava muito. Tinha uma Flebotomia no pescoço (inserção de um cateter em uma veia periférica devido a dificuldade em puncionar veias), fez diálise por aproximadamente 12 horas e por isso precisaram inserir um acesso na região do abdomen...Muitos procedimentos para um bebê tão pequeno. Já nasceu recebendo antibióticos por contada infecção que adquiriu ainda no meu útero. Aquilo tudo cortava meu coração.

Era um bebê tão pequeno que fica difícil de explicar, suas pernas eram da espessura dos meus dedos das mãos, ele ainda não tinha expressão no rostinho, a pele bem esticada, as orelhas ainda não estavam completamente formadas, mas o que mais me chamou a atenção foram os dedos dos pés, ainda eram grudados, pareciam gominhos.

Não consegui ficar ali por muito tempo, ainda sentia as dores do parto e estar 10 minutos em pé, depois de ter ficado 40 dias deitada  sem levantar para absolutamente nada, era um sacrifício sem tamanho para mim. Fui embora com o coração angustiado, mas com a certeza que meu filho era um guerreiro e merecia que eu estivesse o tempo todo ao seu lado.

Chegamos no quarto, e meu marido mostrou a mim uma foto. Durante os dias que passei na UTI, ele circulava pelo hospital, e lá dentro havia uma igreja aonde ele sentava e orava a Deus agradecendo tudo que havíamos conseguido até aquele momento. Havia uma bíblia na entrada da igreja do hospital, ele abriu com a intensão de receber uma mensagem. Essas mensagens sempre apareciam durante todo nosso processo de luta pela vida do Léo, das mais variadas formas, e esta foi uma das primeiras.

Muitas das pessoas que me conhecem sabem que não acredito no milagre propriamente dito, com o significado que a palavra realmente tem. Eu acredito no poder da fé transformadora, não da fé cega. Fé esta que controlamos.

Como diz meu marido: "Temos que crer para ver e não ver para crer". Mas a mensagem estava lá, e nós a trouxemos para dentro da nossa vida, com o  nosso jeito de acreditar.

"A Espera de um Milagre" - Salmo 17 (16)

"...seus passos já me rodeiam, seus olhos me fitam para jogar-me no chão.
Parecem leão ávido de presa, um filhote de leão agachado no covil.
Levanta-te, Javé! Enfrenta-os! Derruba-os! Que tua espada me liberte do injusto, e tua mão, Javé, os expulse da humanidade, para fora da humanidade e do mundo: seja essa a parte deles nesta vida! Enche-lhes o ventre com o que tens de reserva: que seus filhos fiquem saciados e deixem a sobra para seus pequeninos. Quanto a mim, com justiça verei a tua face; ao despertar, eu me saciarei com a tua imagem".

Lembram do significado do nome que havíamos escolhido para nosso filho desde o começo da gravidez? 

Leonardo: Forte como um Leão! 

 

 

Já leu o capítulo anterior da história do Leãozinho Leo? 

Caso queira se inteirar de toda história do Leãozinho Leo, entre no link abaixo:

https://mundoadaptado.com.br/blog/texto-5-

Ou acompanhe todos os textos da história do Leãozinho Leo aqui:

https://mundoadaptado.com.br/leo/t

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