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"Para mim, nascer prematuro era só nascer antes do tempo" - parte 3

"Para mim, nascer prematuro era só nascer antes do tempo" - parte 3
Beatriz Yuki
dez. 12 - 4 min de leitura
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E no dia seguinte chegou a hora de ir conhecer o meu Pequeno. O que eu não sabia era o quão pequeno ele era.

Ao chegar de cadeira de rodas na UTI Neo vi aquele monte de incubadoras. Três salas de bebês lutando pela vida. Ali tinham prematuros, crianças com síndromes genéticas e mães. Muitas mães corajosas e cansadas! rs

Me puseram em frente a incubadora e perguntaram se era a minha primeira vez. Eu disse que sim e me coloquei de pé, mesmo com a dor da cesárea, para conhecer o serzinho mais importante do mundo pra mim: meu mundo caiu!

Ao invés de ser invadida pelo sentimento maravilhoso de amor e alegria que a maioria das mães contam, eu fui tomada por uma culpa sem medida e uma tristeza desesperadora. Comecei a chorar de soluçar e eu só conseguia pensar "Não vai dar! Não vai dar! Ele não vai conseguir sobreviver, meu Deus!"

As enfermeiras e auxiliares me perguntaram se eu gostaria de voltar para o quarto e eu só conseguia chorar. Me debrucei na incubadora e ali fiquei chorando por não sei quanto tempo. Mais calma consegui me sentar novamente na cadeira de rodas e ficar ali olhando como, apesar de toda sua prematuridade, ele era perfeito! Micro dedos e unhas, bracinhos, pernas, nariz...

Vieram me explicar o que era cada fio ligado ao corpinho dele e eu me senti grata por poder estar em um hospital com toda aquela tecnologia. Me deixava abismada que existia um mundo de coisas para os bebês prematuros e eu até aquele momento, aos 26 anos, achava que "nascer prematuro era só nascer antes do tempo". 

Hoje em dia já existe a fralda para bebê prematuro, há sete anos atrás era preciso cortar um fralda de recém-nascido e adaptar para os apressadinhos. Tudo de um bebê recém-nascido é enorme para o prematuro extremo. Cheguei a ver bebês que usavam apenas um algodão no lugar da fralda. O Pedro mesmo conseguia enfiar os bracinhos dentro da metade de fralda de recém nascido que adaptavam para ele.

Toda essa pequenez me assustava a ponto de eu não querer encostar nele. Colo não podia mesmo, era proibido. Mas por as mãos dentro da incubadora era permitido. Eu passei dias dizendo "não, obrigada" até que em um momento olhei para ele lá dentro e pensei como deveria ser solitário. Meu bebê deveria se sentir inseguro sem colo, sem calor materno, sem carinho. Foi então que decidi que era hora de tentar.

Pouco a pouco comecei a por a mão em cima do corpinho, fazer carinho no rosto, nas mãos, pegar no pezinho. Ahhhh, quanto amor!

As auxiliares de enfermagem foram me ensinando técnicas e jeitinhos para ter mais contato com o meu filho enquanto eu não pudesse pegar ele no colo. Parecia pouco, mas já era alguma coisa! Fui entendendo o que era tudo aquilo de fios, de exames, de rotina de UTI Neonatal e descobri que existiam algumas coisas que podiam ajudar o bebê a ficar mais calmo e simular o útero materno.

Além de deixar eles em espaço mais reduzido, como na gestação, em "ninhos" feitos com os lençóis das próprias incubadoras, mais recentemente são utilizados uns polvinhos de crochê que simulam a sensação do cordão umbilical e textura do útero. A gente coloca o bichinho perto ou entre os braços e pernas e a criança fica mais calma e aconchegada.

 

Vocês já ouviram falar desses polvinhos? Usaram? Comentem aqui embaixo para trocarmos experiências.

Continua...                                        

 

 


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