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O Autismo e a relação com a memória

O Autismo e a relação com a memória
Jacson Marçal
out. 28 - 8 min de leitura
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Autismo e a relação com a memória 

Depois de vários pedidos de profissionais de neuropsicologia e psicopedagogia além de psicólogos resolvi fazer uma abordagem mais aprofundada em relação a memória e o autismo, por vários anos vem se estudando a relação da memória no autismo, entre esses fundamentos conseguimos observar diversas características únicas que variam dentro do espectro assim como a variação normal no meio neurotípico se faz possível, porém dentro da abordagem da memória conseguimos fazer algumas ligações entre os níveis e tipos de autismo para com a memória.

A memória comporta processos complexos pelos quais o indivíduo codifica, armazena e resgata informações. A codificação refere-se ao processamento das informações que serão armazenadas. A armazenagem, também chamada de retenção ou conservação, é o processo que envolve o fortalecimento das representações enquanto estão sendo registradas e a sua reconstrução ao longo da sua utilização e da entrada de novas informações. Finalmente, a recuperação ou repescagem é o processo de lembrança da informação anteriormente armazenada. O resgate pode utilizar uma busca consciente das informações ou ainda ser evocado de maneira não consciente através de associações dependentes do contexto, ativação por semelhança ou por necessidades.

Dois mecanismos importantes na recuperação são utilizados: 

O resgate e o reconhecimento. O primeiro caracteriza-se por uma busca ativa das informações armazenadas.

Já o reconhecimento envolve comparações de estímulos anteriormente registrados com novos estímulos, sendo uma função bastante útil para se evitar falsas lembranças. 

Indivíduos com autismo severo podem apresentar comprometimento em provas neuropsicológicas de resgate de palavras, porém com reconhecimento normal nos estágios iniciais, uma vez que tais provas parecem apresentar menor sensibilidade para diagnóstico precoce neste tipo de associação a deficiência intelectual.

Hoje já temos já sabemos que a informação não precisa necessariamente passar por uma via linear, mas poderia seguir “em paralelo”. Além disso o sistema de curto prazo não é único, mas subdividido em subsistemas específicos, como a alça fonológica e a visoespacial do modelo de memória operacional. Sistemas que funcionam de forma paralela e distribuída fazendo a ligação dentro do espectro do Autismo conseguimos interligar características uniformes e representativas em cada autista, sabendo separar suas excepcionalidades para um processo correto de aprendizado mesmo o indivíduo apresentando um nível severo do Autismo.

A memória se constitui por componentes que são mediados independentemente por diferentes módulos do sistema nervoso, mas de maneira cooperativa. Há uma série de classificações para memória e alguns sistemas chegam a ter 134 tipos diferentes de memória. 

Dentre as divisões da memória de LONGA DURAÇÃO, temos a Memória declarativa, também conhecida como explicita. A memória declarativa é a que nos permite expor através de palavras algo que lembramos, mas sempre recorrendo a evocação. Por exemplo, contar para um amigo como foi sua viagem de férias a tanto tempo planejada. Essa memória tem ligação direta com autistas que apresentem uma taxa de compreensão verbal alta dentro de uma avaliação neuropsicológica e psicopedagógica.

Dentro desse conceito da memória e suas ligações dentro das avaliações conseguimos abrir subdivisões da memória declarativa que se subdivide em semântica e episódica. 

A memória semântica é responsável por consolidar o conhecimento do mundo a nossa volta, mas através de palavras. Enquanto a episódica refere-se a nossa experiência de vida, mas em um dado momento cronológico.

Novamente entrando dentro dessa ramificação podemos entrar em uma nova ramificação com a memória episódica se subdivide em anterógrada e retrógrada. 

A memória anterógrada consiste na nossa capacidade de consolidar novas memórias a partir de um ponto, enquanto a retrógrada consiste em lembrar de experiências que aconteceram anteriormente em nossa vida. Para ilustrar todo o processo da memória declarativa, voltemos a situação da viagem de férias. Contar para um amigo como foi a viagem para um determinado lugar consiste em um bom exemplo do usa da memória semântica, mas a episódica se enquadra neste exemplo quando se quer contar por exemplo, como foi a viagem nos primeiros dias de férias.

Com essas duas divisão conseguimos observar a classificação de autistas serem influenciados diretamente pela memória episódica quando o autistas tendem a manter um interesse restritivo com potencialidades a serem trabalhadas dentro da sua comunicação para melhora gradual. Já autistas que precisam de apoio e treinamentos de repetição são observados dentro da memória semântica consiste na junção da memória de aproveitamento para autistas que precisem trabalhar a sintetização.

Outra divisão da memória é a implícita ou não declarativa. Esta subdivisão é a nossa capacidade de realizar um ato ou comportamento que originalmente exigiu algum esforço consciente, mas que não requer resgate intencional da experiência consciente. Uma modalidade de memória que consiste em adquirir habilidades reguladas pela percepção ou pela motricidade, mas que não tem como declarar verbalmente comum em autistas não verbais. Um exemplo muito comum é andar de bicicleta. Não tem como decompor tal aprendizado prático, simplesmente montamos em cima de uma bicicleta e saímos pedalando. É claro que tem outros processos como o equilíbrio, impulso ou forma de pedalar, mas cada indivíduo tem seu jeito.

A memória priming (Pré-ativação). É um tipo de memória descoberta muito utilizada recentemente na neurociência. Ela se evoca, mas através de um estímulo sensorial como som, imagem, cheiro ou alguma palavra. É representada por tudo associado aquele estímulo. nessa característica podemos observar que ela poderá ser aproveitada em todos indivíduos com Autismo. Por exemplo, o cheiro de terra molhada fazer você se lembrar de uma viagem que fez a uma fazenda no qual choveu o dia todo, mas que você nem se lembrava mais. Segundo efeitos experimentais, a memória priming refere-se à influência que um evento antecedente (prime) tem sobre o desempenho de um evento posterior (alvo), por exemplo. Uma palavra pode ser acessada mais rapidamente se precedida por outra palavra no qual partilha características semânticas (médico/hospital), semântica (hora/oca), ou morfológicas (dança/dançarina).

Já em Autistas que consigam apresentar Altas Habilidades/Superdotação temos em maior frequência a memória de CURTA DURAÇÃO parece estar associada ao tempo de recuperação de uma informação, geralmente limitada em até um minuto, o que é proveniente do sistema proposto originalmente facilitando a ligação a memória de LONGO PRAZO.

Sendo assim a ligação da memória de CURTO PRAZO para autistas com Altas Habilidades/Superdotação se liga a memória operacional, um sistema de memória responsável pelo arquivamento temporário de informação e serve para que operações mentais sejam realizadas no decorrer do mesmo tempo e aplicados em um futuro.

Já a ligação para autistas que tenha algum nível de Deficiência Intelectual ou Savant poderá ser presente algumas características como a memória prospectiva que refere-se à capacidade de lembrar-se de executar uma ação planejada para o futuro. Ela requer que o indivíduo recorde tanto da natureza de um evento futuro, quanto da hora de sua ocorrência (intenção baseada no tempo) ou então lembre um conteúdo a ser tratado em um evento futuro (intenção baseada no evento).

Dentro dessas características primárias abordamos algumas questões relacionadas ao neurodesenvolvimento no autismo, para uma adequação e melhor entendimento será necessário uma avaliação neuropsicológica e psicopedagógica além de possíveis avaliações de quadros do sistema neural com a Neurologista e Neuropediatra, com tais informações será possível trabalhar adequadamente cada função dentro de cada indivíduo no espectro autista. 

Autista Savant Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

Referências:

ABREU. N, MATTOS. P. MEMÓRIA. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed. 2010.

ELÓI. J. 7 MEMÓRIAS DO SER HUMANO. Psicologia free. URL:“http://www.psicologiafree.com/curiosidades/7-memorias-do-ser-humano/”. Acessado em: 24 de setembro de 2015.

FERREIRA A. A e Cols. PRIMING (verbetes). URL: “http://psicolinguistica.letras.ufmg.br/wiki/index.php/Priming”. Acessado em 24 de setembro de 2015 MAIA. J. MEMÓRIA. Cérebro: 100 coisas que você não sabia – Guia do usuário (Revista National Geographic). Editora Abril. São Paulo. 2015.

 








 


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