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Não foi como planejado e tá tudo bem!

Não foi como planejado e tá tudo bem!
Ariane Alves de Souza
out. 7 - 4 min de leitura
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Meu sonho era ser mãe e após muitos anos de luta Deus me deu esta vitória.
E por acreditar, com muita fé e tratamento medicinal, Mateus chegou em 2016.

A gente sonha tanto com a chegada de um filhos, faz mil planos, imagina uma família de comercial de margarina. Se identificam até aqui papais? Mas, minha viagem foi totalmente alterada.

Depressão pós-parto, demissão da empresa após o período de estabilidade (até cinco meses após o parto). Com um ano, Mateus foi diagnosticado com alergia a proteína de leite e apresentava febres intensas, crises de asmas e broncopneumonia uma atrás da outra. Foram muitas noites em claro...alguém dorme a noite inteira por aqui até hoje (rs)?

Como descobri que meu filho estava dentro do espectro autista?

Com 1 ano e 5 meses meu filho, que fazia tudo que uma criança dessa idade faz, parou de sorrir, falar, cantar e uma angústia tomou conta de mim de novamente. Me ceguei, eu não queria entender! Deus soprou no ouvido da minha mãe que nos deu um alerta: fui procurar ajuda em março de 2017!

Diagnóstico fechado: autismo moderado, zero fala e interação social. Sofri um luto de três dias. Isto mesmo: três dias! Foi o tempo que precisei para chorar até secar a dor que sentia e, a partir daí, fui me tornando "pesquisadora, médica, psicóloga, pedagoga" e o principal, a mãe que tinha que resgatar o meu filho para o mundo com muito amor.

Quando falo em resgate não é achar a cura não, gente. Falo do resgate de amor que temos com estas crianças. Só o amor incondicional nos torna fortes mediantes as provas e lições que temos que passar. Eles nos têm tanto a ensinar!!

Eu me separei, me senti sozinha e convivi com a pior solidão que já senti. Aquela família de comercial de margarina que tanto sonhei: não existe. O filho que idealizei falante como eu sou, divertido, social e risonho não é exatamente como pensei. E tudo bem!

Precisei aceitar a imperfeição, parar de romantizar a maternidade e entrar em um processo de doação e renúncia completa. 💙 Claro que às  vezes choro antes de dormir sentindo a culpa que muitas mães carregam no peito de achar que sempre podemos fazer mais e melhor. Existe a irritação, a angústia e o medo também!

Hoje o Mateus tem três anos, hipersensibilidade sensorial e voltou a se comunicar um pouco. Se arrisca em algumas habilidades sociais como agradecer alguém com "obrigado"  ou cumprimentando com "oi amigo".

O despertar é libertador!

Dizem que se conselho fosse bom não seria dado, mas vendido. Longe de mim querer dar conselhos, mas acho que devo compartilhar com vocês algumas coisas que aprendi nesse tempo e quem sabe ajudar alguém: 

  1. Acolha seu filho, mas permita ser acolhida (pai e mãe) também;
  2. Conversem com amigos .Desabafem nem que seja com um estranho;
  3. Não tentem achar uma explicação para a condição do seu filho;
  4. Juntos podemos mais;
  5. Juntos podemos promover para os nossos filhos muito mais do que nossos pais nos proporcionaram: um país melhor, mais inclusivo e respeitoso. Nós, pais de crianças atípicas podemos fazer o mundo melhor, filhos e netos "melhores. Quer mais orgulho que isto?

O chamado é a reflexão! O amor ultrapassa barreiras 💙💙💙

Com amor, 

Ári, a mãe do Mateus.

 


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