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Enfrentando​ o Luto!

Enfrentando​ o Luto!
Thais Camargo
jul. 2 - 5 min de leitura
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Olá, espero que vocês estejam bem! Hoje eu vim falar da vida breve, mas inspiradora do meu primeiro filho, o Eyck! (Comentei sobre ele no texto passado)

O Eyck nasceu com 40 semanas exatas, pesando 3,580kg e 51cm. Quando o Eyck nasceu, no dia 11/06/2009, ele não chorou e mal conseguia respirar. Precisou ser levado com urgência para a UTI neonatal! Foi um momento extremamente delicado, pois nada do que eu imaginava (aquela cena do primeiro filho nascendo, chorando compulsivamente, sendo trazido pra gente dar o primeiro cheiro, o primeiro beijo) estava acontecendo!

Fui leveda para o quarto e só fui ver meu filho, pela primeira vez, mais de doze horas após seu nascimento!

O menino mais lindo que meus olhos já tinham visto, enorme, gordo, com uma bochecha maravilhosa!

Quando entrei naquela UTI ele estava sedado, entubado, cheio de fios ligados a ele. Achava que ele provavelmente havia aspirado mecônio, pois era isso o que me era passado. Fizeram vários exames e nada, todos normais, sem nenhuma pequena alteração. E assim foi o nosso primeiro dia!

Nos dias seguintes, os médicos começaram a tentar a extubaçao, colocaram ele no CPAP e ele não aguentou, precisou ser entubado novamente, e assim foram passando os dias, exames e mais exames, intuba e extuba, todos os exames normais, nada, nada que nos desse um vestígio do porque ele não conseguir respirar sozinho.

Quando ele estava com uns doze dias de vida, apareceu uma infecção, mas nada que causasse uma preocupação extrema, não naquele momento! Começaram a administrar antibiótico e a cada dia a infecção ficava mais forte, mais resistente!

Quando foi dia 27/06/2009, chegamos ao hospital e ouvimos do médico que nosso menino havia piorado demais e que eles não tinham mais o que fazer. Ele estava extremamente amarelado, totalmente sedado, recebendo adrenalina, pois o coraçãozinho já estava falhando, e respirando apenas por ventilação mecânica!

Eu pedia, pedia demais para que eu pudesse trocar de lugar com ele, não aguentava vê-lo naquela situação, afinal que mãe não trocaria de lugar com seu filho numa hora dessas? Mas infelizmente, no dia 27/06, com dezesseis dias de vida ele veio a falecer, com falência múltipla de órgãos!

O mundo havia acabado pra mim naquele momento, fiquei sem chão, entrei em estado de choque. Como assim, o meu menino, o meu sonho mais aguardado, não estava mais comigo? Me perguntava o porquê de ele ter ido e não eu? Qual era a graça de viver sem ele aqui?

Os dias foram passando e eu achava que estava bem, não me permitia demonstrar fraqueza para as outras pessoas, não gostava que me vissem chorando! Me tranquei no quarto, não via a luz do dia e comia o dia todo. Engordei 20kg e me tornei uma pessoa extremamente depressiva! Foi um período bem difícil, eu não deixava ninguém me ajudar, tinha medo do luto e foi isso o que mais me fez mal, eu não me permitia sofrer, não me permitia sentir a dor... E hoje, oito anos depois, eu vejo o quanto isso não me fez bem, pois se não vivemos o luto, nunca conseguimos superar a morte de quem a gente mais ama!

Tem muitas perguntas para a qual eu ainda procuro respostas, mas tem muitas outras que já foram muito bem respondidas. Hoje eu enxergo as coisas de uma forma bem diferente, com muito mais clareza! Vejo que o meu filho veio pra me mostrar o quanto a gente é capaz de aguentar, pois se eu fraquejasse lá trás, hoje eu não teria a força necessária para enfrentar as batalhas do dia a dia!

Por isso, se você perdeu alguém, se permita sentir! Se permita viver o luto, se tiver que chorar chore, se tiver que gritar grite, mas se permita! Se permita viver um dia após o outro, porque vai doer, vai doer muito e vai parecer que essa dor nunca mais vai passar, mas se você se permitir, você verá que vai passar, a dor vai ficando mais suportável, você vai aprendendo a lidar com a dor e vai ficando apenas as lembranças boas!

Se permita ser feliz, por você e por quem se foi! Mas seja feliz!!! É possível sentir a felicidade novamente, digo isso por experiência própria!

Obrigada!!!


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